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Publicado em 13/07/2025, às 18h09 Aryela Souza
A escritora, roteirista e dramaturga Ana Maria Gonçalves foi eleita, na última quinta-feira (10), para a Cadeira nº 33 da Academia Brasileira de Letras (ABL), tornando-se a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na instituição em seus 128 anos de história.
Autora da aclamada obra "Um Defeito de Cor", Ana Maria, de 55 anos, é também a integrante mais jovem do atual quadro de imortais. Sua eleição foi celebrada como um marco de representatividade e renovação para a ABL.
A vaga foi aberta com a morte do gramático Evanildo Bechara, em 22 de maio.
"Um Dia Histórico": a Comemoração dos Imortais
Após a eleição, membros da ABL comemoraram a chegada da nova colega.
É um dia histórico. É uma mulher negra que espero que entre na academia fazendo uma grande 'descendência'", disse a historiadora Lilia Moritz Schwarcz.
O músico Gilberto Gil elogiou a "literatura de muito fôlego e muita potência" de Ana Maria.
A casa se sente agradecida por ter nos mandado a Ana. Representa que estamos vivos, permanecendo ativos nesse contexto variado de diversidade", afirmou.
Para o presidente da ABL, Merval Pereira, a eleição de Ana Maria demonstra o empenho da instituição em aumentar sua representatividade.
Ela aumenta nossa vontade de estar sempre presente nos movimentos sociais relevantes", disse.
A Autora e a Obra que a Consagrou
Mineira de Ibiá, Ana Maria Gonçalves é uma das vozes mais potentes da literatura brasileira contemporânea. Seu romance "Um Defeito de Cor", já considerado um clássico, foi eleito o melhor livro de literatura brasileira do século 21 por um júri do jornal Folha de S.Paulo.
A obra conta a trajetória de Kehinde, uma mulher africana que atravessa o século 19 em busca de seu filho, abordando com profundidade temas como escravidão, racismo e ancestralidade. A personagem principal é inspirada em Luísa Mahin, uma das lideranças da Revolta dos Malês.
O livro, vencedor do Prêmio Casa de las Américas em 2007, também inspirou o aclamado samba-enredo da escola de samba Portela no carnaval de 2024.
Um Defeito de Cor' é a história da luta preta no Brasil incorporada em uma mulher que enfrentou os maiores desafios imagináveis pra continuar viva e preservar suas heranças e raízes", explicou a autora.
Detalhes da Eleição
A eleição, realizada na sede da ABL, no Rio de Janeiro, contou com urnas eletrônicas cedidas pelo Tribunal Regional Eleitoral.
Ana Maria Gonçalves recebeu 30 dos 31 votos possíveis. Em segundo lugar ficou a também escritora indígena Eliane Potiguara. Outros 11 candidatos disputavam a vaga.
Além de sua obra literária, a academia destacou a sólida atuação de Ana Maria no Brasil e no exterior, onde foi escritora residente em renomadas universidades americanas como Stanford e Tulane, além de atuar como professora de escrita criativa e curadora de projetos culturais.
Classificação Indicativa: Livre