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Especialistas alertam para os riscos do fenômeno que já atraiu 23 milhões de pessoas em 2024. Apesar do apelo publicitário e da promessa de ganhos rápidos, a prática pode comprometer renda, saúde emocional e segurança financeira.
De acordo com o Raio-X do Investidor Brasileiro, pesquisa realizada pela Anbima/Datafolha em abril de 2024, 15% da população acima de 16 anos fez alguma aposta no último ano. O levantamento mostra ainda que quase metade desses apostadores está endividada e 16% consideram o jogo uma forma de investimento.
Legalizadas no Brasil desde 2018, as apostas de “quota fixa” ainda carecem de regulamentação completa, o que abre espaço para atuação de plataformas estrangeiras sem regras rígidas. Essa brecha aumenta a exposição a golpes, manipulação de resultados e até dificuldades para sacar prêmios.
Camila Poltronieri Flaquer, Head de Cobrança Digital da Recovery, explica que muitos jogadores veem no jogo uma saída para aumentar a renda, mas acabam comprometendo recursos que deveriam estar protegidos.
“Em muitos casos, o consumidor não tem condições de pagar as contas mensais e aposta na esperança de garantir renda extra. Isso gera um risco ainda maior. A aposta precisa ser vista como uma despesa de lazer, como ir ao cinema ou comprar um ingresso de show”, afirma.
Os riscos, segundo especialistas, são variados e vão além da perda imediata de dinheiro. A ausência de reserva financeira amplia as consequências de uma aposta malsucedida, já que o prejuízo pode levar a dívidas e atrasos de contas, criando um efeito dominó difícil de conter.
Outro problema é a dependência. A euforia da vitória e a tentativa de recuperar perdas sustentam um ciclo viciante, que compromete não apenas o orçamento doméstico, mas também a saúde mental, os relacionamentos e até o desempenho profissional.
Com a regulamentação ainda em andamento, muitos sites operam sem controle adequado. Para reduzir riscos, especialistas recomendam verificar se a plataforma tem autorização da Secretaria de Prêmios e Apostas e se cumpre as exigências da Lei 14.790/2023. Sem isso, aumenta a chance de fraude e de dificuldades para reaver valores investidos.
Camila ressalta que nunca se deve encarar as apostas como investimento. A orientação é repensar esse tipo de gasto e priorizar alternativas de lazer que tragam satisfação real, evitando comprometer o orçamento.
“Jogos de apostas envolvem riscos e, por isso, é importante repensar esse gasto. Se organizar financeiramente e destinar a reserva para outras finalidades é essencial para reduzir prejuízos e proteger a saúde financeira”, conclui a especialista.
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