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Jailson Gomes, um vigia de 52 anos, dedica-se à construção do Titanic, que já se tornou um símbolo de criatividade e persistência. - Divulgação
No coração do sertão potiguar, a quase 200 km do mar mais próximo, um navio de proporções curiosas atrai olhares e desperta a imaginação de quem passa pela RN-023, em Santa Cruz, interior do Rio Grande do Norte.
Trata-se de uma réplica do lendário Titanic, construída por Jailson Gomes dos Santos, de 52 anos, vigia e morador da zona rural da cidade.
O “Titanic do sertão”, como tem sido apelidado por moradores e visitantes, começou a ser erguido em 2019, a partir de um projeto inicialmente bem diferente: um mirante. A mudança de planos veio de forma inesperada, por meio de uma observação feita por uma taxista.
Já ia bem adiantado esse mirante, chegou uma taxista, que veio deixar a gente aqui, aí dali do portão ela disse: ‘isso é um navio e parece com Titanic’”, relembra Jailson, entre risos.
A partir daquele momento, o vigia não teve dúvidas: reimaginou o projeto e passou a dar forma ao navio mais famoso da história. Desde então, dedica tempo, força e criatividade à construção — tudo com as próprias mãos. “Eu sou o servente, o pedreiro, tudo”, conta, orgulhoso.
A embarcação já atinge cerca de 7 metros de altura e, mesmo ainda inacabada, virou atração local.
O monumento está localizado na Chácara Todos os Santos, comunidade rural de São Francisco de Assis, com vista privilegiada para a gigantesca estátua de Santa Rita de Cássia — considerada a maior estátua católica do mundo. Para Jailson, a réplica do Titanic é mais que uma obra: é um convite à imaginação.
Bandeiras de Santa Cruz, do Rio Grande do Norte e do Brasil tremulam no topo do navio, e o interior já começa a ganhar ambientação sonora, com o som do mar recriando a experiência de estar em alto-mar, mesmo no sertão.
O pessoal que tiver aqui no salão vai assistir ao que aconteceu no Titanic mesmo”, afirma Jailson, que agora também incorpora o personagem e se veste como marinheiro para recepcionar visitantes.
A esposa, Maria Rocha dos Santos, compartilha do entusiasmo. "É muito prazeroso a gente ter um navio assim para receber os amigos, para passar a ‘boca da noite’ no sábado. A gente vem pra cá, eu e ele”, revela.
A embarcação ainda deve receber melhorias e detalhes que vão ampliar a experiência dos visitantes. Mesmo assim, já se tornou símbolo de criatividade, persistência e afeto em meio ao sertão nordestino — uma prova de que os sonhos podem navegar longe, mesmo em terra firme.
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De mirante a navio dos sonhos
O projeto começou como um simples mirante em um terreno de 100 m² na comunidade de São Francisco de Assis, às margens da RN-023. A ideia original de Jailson Gomes dos Santos, vigia há 20 anos, era aproveitar pedras deixadas pelas obras da rodovia.
A transformação em réplica do Titanic ocorreu depois que uma visitante comentou que a estrutura lembrava um navio. Desde então, Jailson decidiu dar vida ao gigante do mar em pleno agreste potiguar, com 7 metros de altura e 20 metros de comprimento.
Construção feita com esforço próprio
Sem apoio financeiro, Jailson arca sozinho com os custos de areia, cimento e madeira. “Deixo até de comprar carne para gastar no Titanic”, brinca ele. As obras avançam durante finais de semana e férias, enquanto o vigia cumpre seu turno noturno.
A esposa, Maria de Lima Rocha dos Santos, 62, participa ativamente da construção. Carinhosamente apelidada de “retroescavadeira” por Jailson, ela ajuda fazendo a massa e movimentando materiais, formando uma verdadeira equipe familiar.
Cenário de cinema no sertão
Nos fins de semana, o espaço se transforma em cenário de fotos e vídeos. Visitantes encenam cenas clássicas do filme, como a icônica proa com os braços abertos, enquanto Jailson se veste de comandante — um uniforme recebido de presente — para recepcionar turistas.
O navio conta ainda com som ambiente, incluindo versão instrumental de My Heart Will Go On e barulho de ondas, criando a sensação de navegação. “Quero que as pessoas sintam que estão realmente a bordo”, diz o “Capitão Jailson”.
Materiais e desafios
Mesmo utilizando pedras do terreno, a construção exige investimento contínuo: mais de um caminhão de cimento, areia em caçambas e madeira para as formas da estrutura.
Jailson planeja continuar até o navio ficar completo e sonha em transformá-lo em atração turística oficial.
Apoio da Prefeitura e projeção turística
A Secretaria de Turismo de Santa Cruz, por meio de Jozy Carvalho, vê o projeto com entusiasmo. Segundo ela, o Titanic do Agreste é uma expressão da criatividade local e pode complementar o turismo já consolidado em torno da estátua de Santa Rita de Cássia, considerada a maior estátua católica do mundo dedicada a um santo.
É cultura viva, identidade, a prova de que o turismo também nasce da alma do povo”, afirma a secretária. O objetivo é profissionalizar o espaço, trazer turistas de todo o Brasil e até do exterior, e integrar a experiência ao roteiro religioso da cidade.
Sonho de fama nacional e internacional
Jailson espera apoio de empresários e do governo para concluir a obra e alcançar seu sonho: tornar o Titanic do Agreste conhecido nacional e internacionalmente. “Peço a Deus saúde e coragem para terminar. Um dia chego lá”, afirma o vigia, emocionado.
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