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Veja quantos milhões em prejuízo as invasões do MLB geraram para supermercados; por levantamento feito por associação

Movimento de Luta nos Bairros defende ocupações como forma de protesto contra a falta de políticas habitacionais e desperdício de alimentos. - Divulgação
Estudo revela que ocupações em supermercados resultaram em perdas significativas durante o período de maior movimento de vendas  |   BNews Natal - Divulgação Movimento de Luta nos Bairros defende ocupações como forma de protesto contra a falta de políticas habitacionais e desperdício de alimentos. - Divulgação

Publicado em 29/05/2025, às 11h27   Dani Oliveira



O empresário Eugênio Pacelli, diretor da Associação de Supermercados do Rio Grande do Norte (Assurn), afirmou nesta quarta-feira (28) que recentes ocupações promovidas por movimentos sociais em supermercados de Natal resultaram em um prejuízo de R$ 3 milhões para o setor. A declaração foi feita durante depoimento na Comissão Especial de Inquérito (CEI) das Invasões, instaurada na Câmara Municipal de Natal para investigar ocupações e invasões ilegais na cidade.

De acordo com Pacelli, o montante foi calculado com base em estudos da Fecomércio, que analisaram a queda no fluxo de clientes e nas vendas nos dias das manifestações. Ele destacou que a maioria das ações ocorreu em dezembro, período de maior movimento e faturamento para os supermercados.

De quatro movimentos, três foram justamente em dezembro, que é um período mais crítico de fluxo, de muito movimento”, afirmou. “Historicamente nós sabemos que o mês de dezembro é o mês que mais se vende nos supermercados durante todo o ano”, completou o empresário.

Pacelli também mencionou um acordo nacional entre o Carrefour e os movimentos sociais, no qual a rede se comprometeu a doar cestas básicas. “O Carrefour, através de sua matriz, conversou com o movimento e se comprometeu, à época, a doar 20 mil cestas básicas como uma forma de atenuar e ajudar”, disse.

Apesar disso, o diretor da Assurn afirmou que os supermercados potiguares não foram procurados previamente pelos movimentos sociais para discutir doações. “Nunca nos foi dito que esses movimentos nos procuraram através da associação ou da própria rede de supermercados no sentido de fazer esse tipo de pleito”, afirmou.

Segundo Pacelli, as ações não envolveram violência ou danos ao patrimônio. “Não há registro de quebra, nem de conflito […] não houve comprometimento de doação, e aí sim, em função disso, essa permanência se estendeu por quase 4 horas.”

Durante a mesma sessão, Bianca Soares, representante do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), defendeu as ocupações como forma de denúncia contra a ausência de políticas públicas de habitação. “O movimento hoje luta pela dignidade à moradia. O déficit habitacional em todo o nosso país é de mais de oito milhões de famílias, enquanto temos aí cerca de onze milhões de imóveis abandonados, sendo inclusive trinta mil apenas aqui em Natal”, afirmou.

Bianca destacou que as ações do MLB são pacíficas e não envolvem imóveis habitados. “Era uma casa pequena, com três núcleos familiares, onde não tinha emprego, e aí não tinha mais condições de manter o pagamento do aluguel”, relatou ao falar sobre sua motivação pessoal para integrar o movimento.

Ela acrescentou que o MLB apoia centenas de famílias em situação de vulnerabilidade e que mantém ocupações organizadas em três pontos da capital potiguar. Segundo a militante, o grupo participa de conselhos municipais e atua no controle social das políticas habitacionais.

Durante a audiência, Bianca também explicou que as ocupações em supermercados buscaram denunciar o desperdício de alimentos e os preços elevados. “Insegurança alimentar é só um jeito bonito de dizer que as pessoas comem uma vez por dia ou ficam sem nada no prato. Enquanto o preço da comida sobe, o acesso some, e o lucro fica acima da vida das pessoas”, declarou.

Ela afirmou que ofícios foram enviados a supermercados solicitando doações antes das ocupações, mas não houve resposta. “Não impedimos o funcionamento dos mercados. Alguns fecham por decisão própria.” Bianca também afirmou que a Polícia Militar acompanhou as manifestações e não registrou nenhum tipo de crime. “A Polícia Militar apenas verificou e se retirou sem conflitos em todos os casos”, disse.

Os vereadores presentes questionaram a legalidade das ações e os recursos recebidos pela militante por meio do Governo do Estado. Bianca confirmou que recebeu passagens para participar de reuniões sobre habitação em São Paulo, custeadas pelo Gabinete Civil. “Esses recursos foram para debater políticas públicas. Nosso movimento conquistou 140 unidades habitacionais através do Minha Casa Minha Vida Entidades, pressionando o poder público a cumprir seu papel”, justificou.

Ela reafirmou o compromisso do movimento com a pauta habitacional e criticou a ociosidade de imóveis públicos. “Enquanto imóveis públicos são abandonados, o povo fica sem moradia digna.”

O relator da CEI, vereador Matheus Faustino (União Brasil), criticou a atuação do MLB. “O MLB age de forma coordenada, invadindo propriedades”, disse. Segundo ele, o movimento atua sob orientação nacional e usa recursos públicos para militância. Bianca rebateu: “Nossas ações são decididas coletivamente para combater a desigualdade.”

Classificação Indicativa: Livre

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