Política

“Silenciar Bolsonaro é atacar a democracia”, dizem líderes da oposição em nota conjunta; confira

Líderes da oposição afirmam que ações judiciais visam silenciar Bolsonaro, principal líder opositor do país  |  Líderes pedem mobilização pacífica da sociedade em defesa da democracia e dos direitos fundamentais - Fotos: Carolina Antunes/PR

Publicado em 18/07/2025, às 14h43   Líderes pedem mobilização pacífica da sociedade em defesa da democracia e dos direitos fundamentais - Fotos: Carolina Antunes/PR   BNews Natal

Líderes da oposição no Congresso Nacional reagiram com dureza às medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Em nota conjunta, parlamentares afirmam que o país vive um “grave episódio de perseguição política disfarçada de ação judicial” e que há uma tentativa clara de “silenciar o principal líder da oposição”.

Entre as restrições, Bolsonaro está proibido de usar redes sociais, manter contato com aliados políticos e diplomatas estrangeiros, e até mesmo de se comunicar com o próprio filho, o deputado Eduardo Bolsonaro.

Ele também foi obrigado a usar tornozeleira eletrônica. Os parlamentares afirmam que as medidas “não se sustentam juridicamente” e violam princípios constitucionais como o devido processo legal, a proporcionalidade e a dignidade da pessoa humana.

“Não há condenação. Não há provas inequívocas de crime. Há uma escalada autoritária e o uso do Judiciário como instrumento de repressão política”, diz o texto.

Comparações com o passado e críticas ao STF
Os líderes destacam que, em situações similares, ex-presidentes como Dilma Rousseff e Lula tiveram liberdade para criticar instituições brasileiras em fóruns internacionais sem sofrer represálias. “Por que agora se trata com tamanha rigidez um ex-presidente que sequer foi condenado?”, questionam.

Segundo eles, críticas, denúncias de abusos e participação no debate público são direitos constitucionais, e não podem ser criminalizados. A nota também aponta o que chama de “dois pesos e duas medidas” ao comparar a situação de Bolsonaro com o tratamento dado a réus confessos da Lava Jato, aos quais “escândalos bilionários foram perdoados”.

“Nenhuma toga está acima da lei”, diz oposição
A nota convoca o Congresso Nacional a reagir aos “excessos de um Poder que ultrapassa os limites da legalidade” e cobra uma atuação firme do Legislativo para reequilibrar os Poderes da República. Para os parlamentares, a resposta da sociedade deve vir das ruas, de forma pacífica e ordeira, exigindo respeito à Constituição.

“O silêncio jamais será uma opção diante da injustiça”, conclui o texto, assinado por Rogério Marinho (líder da Oposição no Senado), Carlos Portinho (líder do PL no Senado), Izalci Lucas (líder da Oposição no Congresso), Zucco (líder da Oposição na Câmara) e Sóstenes Cavalcante (líder do PL na Câmara).

Nota na íntegra:

NOTA OFICIAL

O Brasil assiste, mais uma vez, a um grave episódio de perseguição política disfarçada de ação judicial. O ex-presidente Jair Bolsonaro foi novamente alvo de medidas cautelares arbitrárias determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, que, em nome da autoridade, tenta impor o silêncio ao principal líder da oposição no país.

As medidas impostas — como a proibição do uso das redes sociais, de comunicação com diplomatas estrangeiros, de manter contato com aliados políticos e até com seu próprio filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, além da imposição de tornozeleira eletrônica — não se sustentam juridicamente e ferem princípios constitucionais fundamentais, como o devido processo legal, a dignidade da pessoa humana e a proporcionalidade.

Não há condenação. Não há provas inequívocas de crime. Há, sim, uma escalada autoritária e o uso do aparato judicial como instrumento de repressão política. Trata-se de um movimento perigoso, que ameaça as bases do Estado de Direito e transforma a divergência em delito.

A criminalização de opiniões, o cerceamento da liberdade de expressão, o cerceamento do direito de defesa e de prerrogativas de advogados, tudo na tentativa de neutralizar lideranças por vias judiciais, que colocam em risco a própria democracia. Criticar autoridades, denunciar abusos e participar do debate público são direitos garantidos pela Constituição — e não podem ser tratados como afrontas institucionais.

O contraste com o passado recente é evidente. Em 2016, Dilma Rousseff discursou na ONU para denunciar um suposto golpe. Em 2017, advogados de Lula foram à Europa questionar decisões do Judiciário brasileiro.

Em 2018, a defesa do ex-presidente recorreu à ONU para impedir sua prisão, enquanto ele próprio, mesmo condenado, pôde viajar ao exterior para fazer denúncias contra instituições brasileiras — sem sofrer qualquer censura, prisão domiciliar ou restrição de fala. Por que, então, agora se trata com tamanha rigidez um ex-presidente que sequer foi condenado?

Enquanto se restringem liberdades e se tenta calar adversários, vemos, ao mesmo tempo, a relativização da corrupção de réus confessos da Lava Jato, o perdão bilionário de escândalos que drenaram os cofres públicos, o abandono dos aposentados, o aumento do custo de vida e o avanço do aparelhamento do Estado. Uma cortina de fumaça encobre o caos econômico e moral instalado no país, desviando a atenção para perseguições políticas seletivas.

Diante desse cenário, o Congresso Nacional precisa reassumir seu papel constitucional. É dever do Legislativo agir com independência e responsabilidade para conter os excessos de um Poder que, cada vez mais, ultrapassa os limites da legalidade e da razoabilidade.

Quando decisões individuais violam liberdades fundamentais, silenciam representantes eleitos e interferem diretamente na vida política nacional, o Parlamento deve reagir com firmeza para restabelecer o equilíbrio entre os Poderes e proteger os direitos do povo.

É hora de a sociedade brasileira se posicionar com coragem. O povo deve voltar às ruas, de forma pacífica e ordeira, para exigir respeito à Constituição, à liberdade e à democracia. Nenhuma toga está acima da lei.

Nenhum cargo autoriza a perseguição. Nenhum brasileiro deve ser silenciado por pensar diferente. Somos 213 milhões de cidadãos livres. E a Constituição é clara: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.”

Por tudo isso, reafirmamos nosso repúdio à censura, à intimidação e à tentativa de humilhação de um ex-presidente da República. O silêncio jamais será uma opção diante da injustiça.

Rogério Marinho
Líder da Oposição no Senado

Carlos Portinho
Líder do PL no Senado

Izalci Lucas
Líder da Oposição no Congresso 

Zucco
Líder da Oposição na Câmara 

Sóstenes Cavalcante
Líder do PL na Câmara

Classificação Indicativa: Livre


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