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Servidor afirma ter recebido ordem para tentar ligar Lula a facções criminosas durante governo Bolsonaro

A declaração é de Clebson Ferreira de Paula Vieira, que atuava no Ministério da Justiça durante o governo de Jair Bolsonaro  |  Depoimento foi colhido no Supremo Tribunal Federal (STF) - Reprodução/Internet

Publicado em 14/07/2025, às 15h22   Depoimento foi colhido no Supremo Tribunal Federal (STF) - Reprodução/Internet   BNews Natal

Nesta segunda-feira (14), durante depoimento ao Supremo Tribunal Federal, um analista de inteligência disse que recebeu ordens para elaborar relatórios que fizessem a associação de Lula (PT) a facções criminosas, como o Comando Vermelho (CV). 

A declaração é de Clebson Ferreira de Paula Vieira, que atuava no Ministério da Justiça durante o governo Bolsonaro. Na época dos fatos, Lula, que hoje é presidente, estava concorrendo ao cargo. 

De acordo com o analista, o pedido foi feito pela então diretora de Inteligência da Secretaria de Operações Integradas (Seopi), a delegada Marília de Alencar. Ela é ré em uma das ações penais que apuram a tentativa de golpe de Estado após o resultado das eleições de 2022 supostamente articulada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados.

“Chegou um pedido para tentar ver essa análise de correlação estatística da concentração de votos em territórios do CV no Rio de Janeiro, para saber se havia correlação com o candidato Lula”, relatou Clebson Vieira.

Dados seletivos

Durante o depoimento, prestado como testemunha de acusação a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), o analista disse que a ordem incluía o levantamento de localidades onde os candidatos receberam mais de 75% dos votos no primeiro turno das eleições de 2022.

Porém, de acordo com o analista, apenas os dados referentes a Lula foram considerados pela chefia da secretaria.

Ele ainda disse que, na época, compartilhou com a esposa, por meio de mensagens, o incômodo que sentia com os pedidos de viés político. “Ficava muito mal com esse tipo de demanda”, disse.

A audiência aconteceu na manhã desta segunda-feira (14) e foi conduzida pelo juiz auxiliar Rafael Henrique Janela Tamai Rocha, que atua no gabinete do ministro Alexandre de Moraes, relator das ações. 

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As investigações se inserem no conjunto de processos que buscam responsabilizar os envolvidos nas tentativas de subverter o resultado das eleições de 2022 e romper com a ordem democrática no Brasil.

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