Política
Publicado em 21/08/2025, às 17h37 O Projeto Rota 22 realizou 21 oficinas em cidades do RN e promoveu cinco seminários regionais, totalizando 52 horas de debates - Divulgação Redação
O Projeto Rota 22, realizado entre fevereiro e agosto deste ano, revelou um quadro preocupante sobre o estado do Rio Grande do Norte. O estudo mostra queda expressiva nos índices de competitividade e graves deficiências em áreas como educação, saúde, segurança, saneamento e infraestrutura.
Segundo o levantamento do Centro de Liderança Pública (CLP), o estado ocupa hoje a 24ª posição no ranking nacional de competitividade, oito lugares abaixo de 2018, quando estava em 16º.
Em relação ao Nordeste, o cenário é ainda mais crítico: o RN caiu de 4º para 9º lugar em apenas sete anos, ficando na última colocação da região.
O Rio Grande do Norte foi apontado como o estado que menos investe no país, ocupando a 27ª posição no ranking nacional de investimentos públicos.
As estradas refletem esse abandono: 69,43% das rodovias estaduais estão em condições “péssimas”, segundo a Confederação Nacional do Transporte (CNT).
Empresários relataram que, em polos industriais da Grande Natal, chegam a utilizar tratores para transportar mercadorias durante o período de chuvas, devido à precariedade da malha viária.
O levantamento indica que a população potiguar arca com o maior custo per capita em despesas com pessoal do Nordeste: R$ 3.958,24 ao ano, contra uma média regional de R$ 2.762,09.
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Apesar desse peso nos cofres públicos, a eficácia da administração estadual está entre as piores do país, ocupando a 27ª posição no ranking nacional.
Na área educacional, o RN amarga o 27º lugar no Ideb. O estudo criticou a política estadual de aprovação automática, que permite que alunos avancem de série mesmo após reprovação em até seis disciplinas.
Especialistas avaliaram a medida como um “nivelamento por baixo”, que desestimula a meritocracia e prejudica a qualidade do ensino.
A saúde pública também enfrenta sérias dificuldades. Hospitais regionais foram descritos como precários e superlotados, levando moradores a percorrer até 400 km para realizar cirurgias.
Uma das soluções discutidas foi a criação de consórcios intermunicipais, para fortalecer a rede básica e reduzir a pressão sobre o sistema estadual.
No campo da segurança, a quantidade de policiais foi considerada cinco vezes menor do que o necessário. O enfrentamento às drogas, segundo o seminário, não é tratado como uma política pública abrangente, o que compromete a efetividade das ações.
Outro ponto crítico é o saneamento básico. A capital Natal caiu 16 posições no ranking do Instituto Trata Brasil, entrando no grupo das três piores entre as 100 maiores cidades do país.
A cobertura de esgoto recuou de 53,79% para 43,66%, enquanto as perdas de água chegam a 52,2%, a segunda maior taxa do Nordeste. A Caern foi apontada como ineficaz, com recomendações até de desestatização.
A Região Metropolitana de Natal concentra 43,1% da população do estado (1,42 milhão de pessoas) e gera 47,2% do PIB potiguar. Ainda assim, a renda per capita (R$ 26,6 mil) está bem abaixo da média nacional (R$ 55 mil).
Outro dado que chamou atenção foi o percentual de famílias dependentes do Bolsa Família, que atinge 32,9% da população estadual. O índice levantou debates sobre os impactos do programa na formação da mão de obra local.
O Projeto Rota 22 realizou 21 oficinas em cidades do RN e promoveu cinco seminários regionais, totalizando 52 horas de debates. Ao todo, surgiram 299 propostas da sociedade civil, com foco em empreendedorismo, saúde, segurança, saneamento, cidadania e governança pública.