Política

PF encontra anotações de Bolsonaro com referências a delação de Mauro Cid

Para a Polícia Federal, as anotações parecem ser uma espécie de resumo do que foi dito por Mauro Cid em sua colaboração premiada  |  Ex-presidente Jair Messias Bolsonaro e Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens - Roberto Suguino / Agência Senado

Publicado em 22/08/2025, às 16h15   Ex-presidente Jair Messias Bolsonaro e Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens - Roberto Suguino / Agência Senado   José Nilton Jr.

Durante investigações, foram descobertas pela Polícia Federal anotações feitas à mão pelo ex-presidente Jair Bolsonaro com referências à delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens. As anotações foram encontradas no dia 18 de julho, durante buscas em um dos veículos de Bolsonaro.

Apesar do conteúdo encontrado, os papéis não foram incluídos no inquérito por coação por terem sido consideradas irrelevantes para a investigação. Bolsonaro já é réu no inquérito em questão. 

De acordo com os investigadores, as anotações parecem ter sido feitas enquanto o ex-presidente acompanhava o depoimento de Cid no Supremo Tribunal Federal, em junho.

As notas reúnem frases soltas, datas e expressões que, de acordo com os agentes, podem indicar esboços de estratégias de defesa.

Referências a decreto, pressão e Braga Netto

Em um dos trechos encontrados, Bolsonaro escreveu: “Não existiam grupos, apenas indivíduos (…) levando em conta – 2 ou 3 encontros. Defesa + propriedade + prisão – diversas autoridades. Antevia: nova comissão eleitoral”.

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Em outra parte, é citado pelo ex-presidente: “Recebi o valor de Braga Netto e passei ao major de Oliveira -- levando em conta o montante, menos de 100 mil. Pressão para o PR assinar ‘um decreto’ -- defesa ou propriedade, mas não ocorrerá nada”.

Também foram encontradas menções ao ministro Luiz Fux e a anotações como: “Estava com a filha em Itatiba/SP”; “Preocupação em não interromper o Brasil”; e “Das 8 semanas, passei 4 fora da Presidência”.

Menção a “golpe” e plano de fuga

Em outro trecho da anatotação, Bolsonaro escreveu: “Nem foi considerado. Decreto de golpe??? Golpe não é legal //, constituição, golpe é conspiração”. Na mesma folha, há a data “29/nov” riscada, seguida da expressão: “Plano de fuga -- do GSI caso a Presidência fosse cercada”.

Para a Polícia Federal, as anotações parecem ser uma espécie de resumo do que foi dito por Mauro Cid em sua colaboração premiada. Durante o depoimento no STF, Bolsonaro também foi visto fazendo anotações em papéis.

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