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Ministros de Bolsonaro sabiam de fraudes no INSS, diz relatório

Denúncias de fraudes no INSS chegaram a Paulo Guedes e Sérgio Moro, com alertas sobre associações suspeitas de cobranças indevidas.  |  Relatório aponta que ministros foram informados sobre fraudes no INSS, com cobranças indevidas em aposentadorias desde 2019. - Reprodução

Publicado em 13/09/2025, às 19h52   Relatório aponta que ministros foram informados sobre fraudes no INSS, com cobranças indevidas em aposentadorias desde 2019. - Reprodução   BNews Natal

Um relatório indica que Paulo Guedes, então Ministro da Economia, e Sérgio Moro, Ministro da Justiça, foram avisados, já em 2019, sobre fraudes no INSS. As denúncias que chegaram aos dois ministros do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro tratavam de descontos indevidos em aposentadorias de beneficiários.

O esquema, que consistia em cobranças fraudulentas, é similar ao caso "Farra do INSS", e que agora é alvo de investigação da Polícia Federal (PF).


Alertas sobre cobranças indevidas em benefícios do INSS chegaram a Paulo Guedes e Sergio Moro por meio do Procon de São Paulo e de parlamentares. Na época, Guedes era o Ministro da Economia, enquanto Moro ocupava a pasta da Justiça.
Os avisos se referiam às atividades de associações suspeitas, acusadas de realizar deduções mensais nas aposentadorias sem a autorização dos segurados.


Alertas a Sérgio Moro


Em um ofício datado de 1º de agosto de 2019, a Secretaria de Justiça de São Paulo encaminhou a Sergio Moro um alerta sobre fraudes no INSS. O documento, assinado por Fernando Capez, então diretor-executivo do Procon-SP, expôs a preocupação com os descontos indevidos a Moro, a Luciano Timm (secretário Nacional do Consumidor) e a Renato Vieira (então presidente do INSS).

O documento, assinado por Fernando Capez, então diretor-executivo do Procon-SP, expôs a preocupação com os descontos indevidos a Moro, a Luciano Timm (secretário Nacional do Consumidor) e a Renato Vieira (então presidente do INSS). Foto: Divulgação

O documento, assinado por Fernando Capez, então diretor-executivo do Procon-SP, expôs a preocupação com os descontos indevidos a Moro, a Luciano Timm (secretário Nacional do Consumidor) e a Renato Vieira (então presidente do INSS). Foto: Divulgação


De acordo com ofício, o Procon já havia registrado mais de 16 mil atendimentos relacionados ao golpe. Capez ainda forneceu uma relação de dez entidades suspeitas, incluindo a Associação Beneficente de Auxílio Mútuo ao Servidor Público (ABAMSP), a Associação Brasileira de Aposentados, Pensionistas e Idosos (Asbapi) e a Central Nacional de Aposentados e Pensionistas do Brasil (Centrape).


A assessoria do senador Sérgio Moro afirmou que “as principais entidades envolvidas em reclamações e citadas no ofício do Procon/SP foram descredenciadas pelo INSS em 30/07/2019” e que, quando esteve à frente do ministério, “nunca foi omisso em relação às reclamações de descontos indevidos de aposentadorias e pensões”.


Denúncias no gabinete de Paulo Guedes


Meses anteriores, em fevereiro de 2019, o então ministro da Economia, Paulo Guedes, já havia sido questionado sobre o problema das cobranças indevidas. O deputado federal Fábio Schiochet apresentou um requerimento solicitando explicações sobre os descontos não autorizados nos benefícios.

 O deputado federal Fábio Schiochet apresentou um requerimento solicitando explicações sobre os descontos não autorizados nos benefícios.Foto: Divulgação

 O deputado federal Fábio Schiochet apresentou um requerimento solicitando explicações sobre os descontos não autorizados nos benefícios.Foto: Divulgação



Uma documentação apresentada na CPMI do INSS em setembro deste ano comprova que a resposta enviada ao parlamentar leva a assinatura de Guedes e de Rogério Marinho, na época secretário especial de Previdência e Trabalho. O texto foi elaborado pelo INSS, mas encaminhado pelo gabinete de Guedes.

No documento, o INSS informava que realizava “fiscalizações periódicas” nas entidades conveniadas e que, em caso de irregularidades, poderia suspender os acordos. Pouco tempo depois, quatro entidades que eram responsáveis por 40% dos descontos foram suspensas.

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