Política

María Corina Machado vence o Nobel da Paz 2025 e surpreende ao dedicar prêmio a Donald Trump

María Corina Machado é premiada por sua luta pelos direitos democráticos na Venezuela e pela transição pacífica da ditadura  |  Reprodução/Meta IA

Publicado em 10/10/2025, às 12h55   Reprodução/Meta IA   Giovana Gurgel

A líder da oposição venezuelana María Corina Machado foi anunciada nesta sexta-feira (10) como a vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2025, reconhecida por seu “trabalho incansável na defesa dos direitos democráticos do povo venezuelano” e por lutar por uma “transição pacífica da ditadura à democracia”.

Reconhecimento histórico e reação inesperada

O Comitê Norueguês do Nobel descreveu Machado como uma mulher que “mantém acesa a chama da democracia em meio à escuridão crescente”, destacando sua coragem e capacidade de unificar diferentes setores da sociedade venezuelana.

Segundo o presidente do comitê, Jørgen Watne Frydnes, a oposição democrática representada por ela “relembra o verdadeiro sentido da vontade popular, mesmo em tempos de divergência e ameaça”.

Logo após o anúncio, María Corina reagiu nas redes sociais. Em mensagem publicada no X (antigo Twitter), dedicou o prêmio ao povo venezuelano e ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a quem chamou de “principal aliado da causa democrática”.

“Este reconhecimento é um impulso para completar nossa tarefa: alcançar a liberdade”, escreveu.

Oposição na clandestinidade

Desde agosto de 2024, a opositora vive escondida, após relatar ameaças à sua vida. O Comitê Norueguês reconheceu a gravidade da situação e afirmou esperar que ela consiga comparecer à cerimônia em Oslo, em dezembro.

Frydnes declarou que o prêmio “deve apoiar sua causa, não limitá-la”.

Machado desapareceu da vida pública depois das eleições de julho de 2024. Na época, publicou uma carta no Wall Street Journal intitulada “Posso provar que Maduro foi derrotado”, na qual acusava o governo de fraudar os resultados eleitorais e descrevia o clima de repressão instaurado no país.

“Posso ser capturada enquanto escrevo estas palavras”, alertou.

Uma trajetória marcada pela resistência

Com mais de duas décadas de atuação política, María Corina iniciou sua trajetória à frente da ONG Súmate, que pressionou por maior transparência nas eleições venezuelanas e impulsionou o referendo revogatório contra Hugo Chávez em 2004.

Desde então, tornou-se uma das vozes mais combativas contra o chavismo e o governo de Nicolás Maduro.

Sua relação com líderes norte-americanos sempre gerou polêmica. Em 2005, foi fotografada com o então presidente George W. Bush na Casa Branca, episódio que a marcou como “inimiga” do regime chavista.

Já em 2012, interrompeu um discurso de Chávez na Assembleia Nacional, proferindo a frase que se tornaria símbolo de sua postura radical: “Expropriar é roubar”.

Reprodução/Gerada por IA

De excluída à nova face da oposição

Apesar das derrotas e do isolamento político, como o resultado de 3,81% nas primárias de 2012, Machado ressurgiu em 2023 como principal nome da Plataforma Democrática Unitária, vencendo as prévias da oposição com 93% dos votos.

Mesmo impedida de concorrer por uma proibição de 15 anos imposta pelo regime, manteve forte apoio popular e consolidou sua imagem de resistência.

A vitória no Nobel da Paz, agora, transforma María Corina Machado em símbolo global da luta democrática latino-americana, ampliando a pressão internacional sobre o governo de Nicolás Maduro e reacendendo o debate sobre o futuro político da Venezuela.

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