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Ministra de Lula faz comitiva com mais de 10 pessoas para Festival de cinema na Europa

Comitiva inclui servidores e artistas, com gastos ainda não divulgados, mas justificados como promoção da cultura brasileira no exterior  |  Margareth Menezes e 14 convidados representam o Brasil na França, buscando fortalecer laços culturais e criativos entre os países. - Divulgação

Publicado em 25/05/2025, às 07h15   Margareth Menezes e 14 convidados representam o Brasil na França, buscando fortalecer laços culturais e criativos entre os países. - Divulgação   Dani Oliveira

A ministra da Cultura, Margareth Menezes montou uma comitiva de 14 pessoas, com atores e servidores entre os convidados, para aproveitar o Festival de Cannes, na França.

Os convidados da ministra, nove servidores e cinco atores, receberam diárias e hospedagem que variaram entre seis e 15 dias que passaram na Europa. O valor da gastança, toda custeada pelo pagador de impostos, ainda não foi divulgado pelo Ministério da Cultura.

Para justificar o tour com a comitiva, o ministério afirmou se tratar de uma ação para “promover o talento e fortalecer as relações bilaterais entre Brasil e França no campo da cultura e da economia criativa”.

A ministra, por exemplo, passou oito dias na França, entre 12 e 19 de maio. Margareth se reuniu com a ministra da Cultura da França, além de atividades relacionadas ao setor audiovisual.

 

Representatividade do Brasil no Festival e prêmio para Wagner Moura

Wagner Moura ganhou o Cannes de melhor ator neste sábado (24), pela sua atuação no filme "O Agente Secreto", de Kleber Mendonça Filho. O diretor recebeu o prêmio no lugar do ator e agradeceu a premiação.

Eu tive muita sorte de ter a oportunidade de trabalhar com o Wagner Moura. Ele não é apenas um ótimo ator, mas também uma ótima pessoa. Eu o amo muito. Eu espero que o 'O Agente Secreto' traga muitas coisas a eles", afirmou o diretor ao receber a premiação.

 

 

Mendonça Filho também recebeu o Cannes de melhor diretor pelo longa.

O longa se destacou como um dos prováveis vencedores do prêmio na última semana, após sua estreia no festival francês ter vindo com cerca de 15 minutos de aplausos, segundo a jornalista Jada Yuan, do "Washington Post".

Desde então, o filme ganhou muitos elogios da crítica internacional e também conquistou o Prêmio da Crítica no Festival neste sábado.

"Um filme de caráter, uma vitrine para a performance complexa e simpática de Moura, mas também a plataforma para uma produção cinematográfica emocionante e ousada", escreveu o jornal "The Guardian" sobre o filme.

O "The Guardian" também deu nota máxima ao filme brasileiro, definindo-o como "visual e dramaticamente soberbo", além de "ambicioso, complexo e elusivo".

O jornal britânico não foi o único: diversos veículos internacionais também enalteceram o longa na última semana.

O "Hollywood Reporter", por exemplo, chamou o filme de "magistral", com um "retorno maravilhoso de Wagner Moura ao cinema brasileiro". "Ele sempre foi um bom ator, mas Mendonça Filho faz dele uma estrela de cinema".

País de Honra no Festival de Cannes
Em fevereiro, o Festival de Cannes já havia anunciado o Brasil como País de Honra na edição de 2025. A iniciativa, do Marché du Film (mercado de filmes do festival), celebra uma nação diferente a cada ano e reconhece suas contribuições para a indústria cinematográfica global.

O Brasil é o quarto país a receber o título, que já foi da Suíça (2024), Espanha (2023) e Índia (2022).

"Este prestigioso reconhecimento destacará a dinâmica indústria audiovisual do Brasil, seus talentos criativos e seu compromisso de longa data com a colaboração internacional", publicou o Ministério da Cultura no site do governo.

Manas
Também no Festival de Cannes, Marianna Brennand recebeu o prêmio Women in Motion Emerging Talent, que reconhece o primeiro longa de ficção de diretoras estreantes. O troféu foi entregue por "Manas", produção da Inquietude, em parceria com Globo Filmes.

O filme conta a história de Tielle (Jamilli Correa), garota de 13 anos que vive em uma comunidade ribeirinha na Ilha do Marajó e sofre abusos sexuais dentro e fora de casa.



O que é o Festival de Cannes
O Festival de Cannes é hoje o encontro cinematográfico mais prestigiado do mundo, bem como o evento cultural mais divulgado. Hoje, um importante fórum para os países produtores de cinema, sua história, seleções e prêmios remontam a 1946 – o ano do primeiro festival propriamente dito. No entanto, as primeiras sementes do evento foram plantadas oito anos antes.

Em julho de 1938, a Mostra de Veneza, a primeira competição internacional dedicada ao mundo do cinema, reuniu os principais países produtores de filmes do pré-guerra pela sexta vez. A França foi representada com uma série de filmes e, no júri, pelo diplomata Philippe Erlanger.

No dia da cerimônia de premiação, o júri foi unânime. Um filme americano havia conquistado seus corações, mas, sob pressão de Hitler, o filme de propaganda nazista Olympia, de Leni Riefenstahl, e o filme italiano Luciano Serra, Piloto, de Goffredo Alessandrini, receberam o prêmio máximo, chamado de Taça Mussolini.

A decisão provocou indignação entre os membros que representavam os países democráticos, e França, Estados Unidos e Grã-Bretanha deixaram a Mostra, jurando não retornar. Durante sua viagem de trem de volta à França, Philippe Erlanger pensou em organizar um evento para substituir a Mostra e oferecer ao mundo um festival livre de pressões e restrições. Ao retornar, contatou as autoridades. Não havia tempo a perder – um festival francês rival era necessário antes da próxima competição em Veneza.

De setembro de 1938 a maio de 1939, a iniciativa tornou-se um verdadeiro assunto de Estado. Georges Bonnet, o Ministro das Relações Exteriores, temia envenenar as relações franco-italianas, mas o Ministro da Educação, Jean Zay, e o Ministro do Interior, Albert Sarraut, apoiaram a ideia de um festival de cinema para a Europa, no qual a arte não seria mais influenciada por manobras políticas . Em junho de 1939, a criação de um festival de cinema na França foi anunciada na mídia, com o apoio de vários países produtores de cinema, liderados pelos Estados Unidos, e com abertura prevista para 1º de setembro – mesmo dia da Mostra, o que deixou apenas alguns meses para a preparação de todo o evento.

 

 

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