Política
Publicado em 21/08/2025, às 13h17 Reprodução/Internet Giovana Gurgel
O Governo do Rio Grande do Norte cancelou o contrato de locação de 21 mil Chromebooks firmado com a empresa mineira Repremig. A suspensão ocorreu após denúncia do senador Styvenson Valentim (PSDB RN), que apontou irregularidades nos valores, e depois da determinação do Tribunal de Contas da União (TCU). O acordo previa gasto superior a R$ 50 milhões em três anos.
A denúncia ganhou força com a comparação direta feita pelo parlamentar. Em fevereiro, a Escola Estadual Maria Ilka de Moura recebeu 160 Chromebooks e 7 notebooks Samsung adquiridos com emenda de Styvenson. Na ocasião, os aparelhos custaram R$ 1.599 cada, vendidos pela mesma Repremig.
Poucos meses depois, a empresa venceu a licitação estadual oferecendo os mesmos equipamentos por R$ 2.399, mas agora em regime de aluguel.
O cálculo revelava uma diferença significativa: a compra de todos os equipamentos custaria cerca de R$ 35 milhões, enquanto a locação elevaria a conta em mais de R$ 15 milhões, sem gerar patrimônio para o Estado. O senador destacou que, em apenas 25 meses de aluguel, seria possível comprar todos os itens.
Apesar do impacto financeiro, o Executivo não fez qualquer anúncio oficial sobre o cancelamento do contrato ou sobre uma eventual retomada da licitação. A decisão ocorreu de forma silenciosa e em tempo recorde, poucos dias após as denúncias.
Para analistas políticos, a postura do governo soa como uma confissão implícita de que havia inconsistências no processo. Caso contrário, o esperado seria uma defesa pública da legalidade e da viabilidade da locação.
A rapidez do recuo, em vez de encerrar as suspeitas, reforçou questionamentos sobre má gestão e falta de economicidade no gasto público, especialmente em um setor sensível como a educação.