Política
Publicado em 24/06/2025, às 13h52 Braga Netto, preso desde dezembro, participou da acareação - Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO/Beto Barata/PR Redação
O ex-ministro da Casa Civil Walter Braga Netto acusou o tenente-coronel Mauro Cid de mentir durante a acareação realizada nesta terça-feira (25) no Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da investigação sobre a suposta trama golpista envolvendo aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. A informação foi divulgada por José Luis de Oliveira Lima, advogado de Braga Netto.
Segundo o defensor, o general reafirmou, diante de Cid e das autoridades presentes, que o ex-ajudante de ordens da Presidência da República faltou com a verdade em ao menos duas ocasiões, incluindo pontos centrais da delação premiada firmada por Cid.
“O general Braga Netto chamou Mauro Cid de mentiroso por duas vezes. Durante todo o tempo, ele permaneceu de cabeça baixa e, mesmo quando teve a chance de responder, preferiu o silêncio”, relatou o advogado. Ainda de acordo com ele, Cid apresentou novas contradições e demonstrou constrangimento durante o encontro, que durou cerca de duas horas e foi conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, com a participação de Luiz Fux e do procurador-geral da República, Paulo Gonet.
Um dos focos da acareação foram as divergências entre os depoimentos de Braga Netto e Cid, especialmente sobre uma reunião ocorrida na casa do general em novembro de 2022 e a suposta entrega de dinheiro feita a Cid. Segundo o advogado, o tenente-coronel agora mencionou um terceiro local para a entrega da quantia. “Perguntei a ele: ‘Onde está a prova da entrega do dinheiro?’. Ele não tem nenhuma”, afirmou Juca. Os três locais citados seriam duas garagens do Palácio da Alvorada e a sala dos ajudantes de ordens, onde Cid trabalhava na época.
As acareações no STF foram solicitadas pelas defesas de Braga Netto e de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, com o objetivo de esclarecer contradições nas investigações. A próxima audiência colocará Torres frente a frente com o ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes, para discutir a participação de Torres em reuniões no Palácio da Alvorada em que Bolsonaro teria sugerido medidas para reverter o resultado das eleições de 2022.
As sessões ocorrem de forma fechada em uma sala reservada do Supremo, sem gravações em vídeo, mas com atas que serão tornadas públicas. O ex-presidente Jair Bolsonaro tem direito de acompanhar as audiências, mas, segundo sua defesa, sua presença é incerta devido a um quadro de pneumonia.
Braga Netto, preso preventivamente desde dezembro no Rio de Janeiro, participou presencialmente da acareação após autorização especial do STF. Foi a primeira vez que o ex-ministro deixou a unidade militar onde está detido desde sua prisão.
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