Negócios
Publicado em 15/07/2025, às 13h22 Reprodução/Freepik BNews Natal
A busca por consórcios disparou no Brasil, mesmo diante da inflação elevada e da alta nos custos de crédito. Dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC) mostram que, nos últimos 20 anos, o setor nunca vendeu tanto: foram mais de 2 milhões de cotas comercializadas recentemente, abrangendo veículos, imóveis, eletroeletrônicos e até serviços.
Para muitos consumidores, a modalidade representa a chance de adquirir bens com parcelas menores e sem os juros pesados do financiamento.
De acordo com Cléber Gomes, CEO da Maestria, empresa especializada em consórcios, a alternativa é especialmente indicada para quem consegue esperar um pouco mais e quer proteger seu dinheiro da desvalorização. “O valor investido no consórcio tem correção monetária e não perde poder de compra enquanto o consumidor aguarda a contemplação”, explica o executivo.
Modalidades que ganham espaço no mercado
Entre as opções mais procuradas estão os consórcios de serviços, que permitem comprar desde eletrodomésticos até bancar viagens e cirurgias plásticas. Nesse formato, o consumidor participa de grupos e concorre todos os meses ao sorteio ou pode ofertar lances para receber a carta de crédito que libera a compra do bem desejado.
Outra modalidade em crescimento é a quitação de dívidas. Cada vez mais empresas têm usado consórcios para liquidar financiamentos mais caros, principalmente nos setores de transporte e agronegócio. Dados da ABAC indicam que pessoas jurídicas já representam cerca de 18% dos participantes, atraídas pelo custo mais baixo, já que o consórcio cobra apenas uma taxa administrativa em vez de juros.
No caso dos automóveis, o consórcio se destaca como uma compra planejada, ideal para quem tem disciplina e quer fugir da pressa do financiamento convencional. “O consórcio exige organização financeira e paciência. Mas, para quem se programa para ofertar lances, é possível antecipar a contemplação e reduzir o tempo de espera”, afirma Cléber.
Consórcios impulsionam o agronegócio e a construção civil
O setor imobiliário também acompanha essa tendência. A carta de crédito pode ser usada para comprar terrenos, construir ou reformar, com taxas administrativas que variam entre 10% e 25% do valor total do contrato. Sem juros bancários, o consórcio se torna uma opção mais barata a longo prazo, principalmente com a possibilidade de utilizar o FGTS para ofertar lances.
No agronegócio, a modalidade avançou de forma impressionante: em uma década, o número de consórcios cresceu 400%. Segundo Cléber Gomes, produtores rurais recorrem cada vez mais ao consórcio para driblar juros que podem chegar a 20% ao ano no financiamento de maquinário.
“Hoje, alguns fabricantes chegam a vender até 40% das máquinas agrícolas por consórcio. Isso acontece porque, além dos juros altos, há muita burocracia e exigências bancárias. O consórcio preenche essa lacuna e tem sido essencial para manter o investimento no campo”, explica o CEO da Maestria.
A alta procura confirma que, mesmo com inflação e incertezas econômicas, o brasileiro continua apostando no consórcio como forma de planejar compras e reduzir custos.