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"Tarifaço de Trump" pode afetar o emprego de 21 mil pessoas no RN

Anderson Barbosa
Medida deve impactar no aumento da inflação e pode afetar diretamente o emprego e o ambiente de investimentos no Rio Grande do Norte  |   BNews Natal - Divulgação Anderson Barbosa

Publicado em 14/07/2025, às 15h49   BNews Natal



O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (FIERN), Roberto Serquiz, informou que se reunirá com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e as demais federações do setor dos outros estados brasileiros, nesta segunda-feira (14), para discutir estratégias que possam mitigar os impactos da taxa de 50% imposta pelo Governo dos Estados Unidos à importação de produtos brasileiros.

A medida deve impactar no aumento da inflação e pode afetar diretamente o emprego e o ambiente de investimentos no estado – podendo afetar até 21 mil empregos no RN, segundo dados do Observatório da Indústrias MAIS RN.

Serquiz também se reunirá, nesta semana, com os secretários estaduais da Fazenda, do Desenvolvimento Econômico e da Agricultura, com o objetivo de avaliar estratégias para minimizar as consequências econômicas da taxação na indústria do RN, caso o cenário não seja revertido.

"O presidente Ricardo Alban, ontem, fez uma convocação para todos os presidentes das federações. Há toda essa busca para que o diálogo possa prevalecer de forma técnica, para que possamos sair desse risco e das incertezas que estamos vivendo no momento”, detalhou.

“Estamos a procura de cenários melhores”, completa o presidente da FIERN, que voltou a ressaltar os impactos e a preocupação do setor produtivo com as implicações da medida em entrevista ao Jornal da Mix (103,9 FM), na manhã desta segunda.

Dados levantados pelo Observatório da Indústria Mais RN e mencionados por ele mostram que, no primeiro semestre de 2025, o RN registrou US$ 67,1 milhões em exportações para os Estados Unidos, uma alta de 120% em comparação com o mesmo período de 2024. Setores como o da Pesca, Sal, Petróleo, Mineração, Fruticultura, além de bolachas, balas, doces e caramelos, devem ser os mais impactados.

“Recebemos esse tarifaço com muita preocupação. E a nossa primeira ação foi ter contato com setores que exportam do Rio Grande do Norte para os Estados Unidos para entender o tamanho do impacto”, relatou. “Estamos conversando com os presidentes de sindicatos de setores envolvidos na exportação para que possamos passar para a CNI esses dados. Esse posicionamento tem base nesse volume de informações e em argumentações que nos façam consolidar uma estratégia”, completou o presidente da FIERN.

Medida deve afetar inflação e abalar setores que geram 21 mil empregos no RN

O presidente da FIERN, Roberto Serquiz, alerta que a medida adotada pelos Estados Unidos pode trazer consequências significativas para setores estratégicos da economia potiguar. Além de pressionar a inflação, o cenário afeta diretamente o emprego e o ambiente de investimentos no estado.

A indústria salineira, por exemplo, reforça o presidente da FIERN, exporta cerca de 40 mil toneladas por mês para os EUA e emprega aproximadamente 4,5 mil pessoas no Rio Grande do Norte. Já a fruticultura, outro setor fortemente impactado, é responsável por cerca de 9 mil empregos no estado. E a pesca oceânica de atum no Estado gera cerca de 1 mil empregos diretos e 4 mil indiretos, segundo dados do SINDIPESCA-RN.

Setores como a indústria da pesca potiguar, que tem 100% da produção voltada para exportação, estão mais expostos ao risco. A fruticultura e o sal também sentem fortemente os efeitos. “Uma vez que esse problema perdure, teremos um risco de inflação, de desemprego, aumento de juros, o que interfere no investimento. Isso mexe na economia e é isso que estamos, preventivamente, buscando trabalhar”, analisa.

O industrial ressalta ainda o papel da FIERN em dialogar com os setores afetados e buscar alternativas. “A nossa missão é reunir informações, conversar com cada setor e formular saídas e soluções que minimizem os impactos, caso a situação não seja revertida”, conclui o presidente da Federação.

Condução diplomática é a saída, avalia Serquiz

Serquiz defende que a saída deve ser construída por meio do diálogo e da diplomacia. Ele aponta que a decisão não tem base econômica. “Não existe um fato econômico que justifique essa tomada de decisão”, avaliou.

O presidente da FIERN reforça que os Estados Unidos são o segundo maior importador de produtos brasileiros e um dos maiores investidores no país, o que exige cautela. “Esse contexto, por si só, já justificaria uma postura de moderação, no sentido de estimular um ponto de equilíbrio”.

Entenda o cenário

Na noite da última quarta-feira (9), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou o aumento de tarifas a produtos importados do Brasil para 50%. O país, até então, tinha ficado com a sobretaxa mais baixa, de 10%, nas chamadas tarifas recíprocas, anunciadas pelo presidente estadunidense em 2 de abril.

A posição dos Estados Unidos foi anunciada em uma carta endereçada nominalmente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo a carta, as tarifas serão cobradas a partir de 1º de agosto. Por meio de nota, Lula criticou o aumento das tarifas pelo presidente dos Estados Unidos e disse que a medida será respondida por meio da Lei de Reciprocidade Econômica.

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