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Publicado em 20/08/2025, às 13h56 Reprodução/Freepik Giovana Gurgel
Os preços da cerveja subiram no Brasil entre julho e agosto, impulsionados principalmente pela Heineken, que elevou em média 6% o valor de seus rótulos. O movimento obrigou a Ambev a rever sua política e aplicar reajuste médio de 3,3%, segundo relatório do Bank of America (BofA).
O levantamento acompanha diariamente mais de 1.500 amostras em 19 marcas, tanto no consumo em bares e restaurantes (on-trade) quanto em supermercados, atacadistas e pequenas lojas (off-trade).
Os dados mostram que a inflação da cerveja acompanhou a escalada, passando de 0,14% em junho para 0,29% em julho, índice superior ao da inflação geral, registrada em 0,26%.
Entre junho e agosto, as marcas da Heineken acumularam alta de 6,1%, com destaque para a Devassa, que disparou 24%. Já a Ambev, que havia reduzido preços em junho, recuperou parte do espaço perdido e agora opera 2% acima do patamar de maio.
No segmento de cervejas premium, a rivalidade ficou ainda mais acirrada. A Heineken aumentou em 3,4% o preço de seu principal rótulo, enquanto a Ambev reajustou a Corona em dígito alto e a Stella Artois em dígito baixo. A diferença, porém, ainda favorece a holandesa.
No início de 2024, a Heineken custava 13% menos que a Corona e 4% a mais que a Stella. Agora, está 28% abaixo da Corona e 2% abaixo da Stella. Para o BofA, essa combinação de preços mais competitivos e expansão da capacidade produtiva tende a ampliar a participação da Heineken no mercado brasileiro.
O relatório também destaca que a Amstel, da Heineken, teve reajuste de 7,5%. Na Ambev, a Budweiser subiu em dígito baixo na casa dos teens, enquanto Spaten teve alta moderada. Skol avançou levemente, Brahma se manteve estável e a Devassa novamente se destacou com dois dígitos de aumento.
A concorrência não se restringe às marcas internacionais. A Itaipava, da Petrópolis, não sofreu alterações de preços, ampliando a diferença em relação à Skol, de 20% no início do ano para 25%. O movimento reforça a pressão sobre a Ambev, que enfrenta dificuldades para sustentar margens diante de custos elevados.
O Bank of America manteve avaliação neutra sobre as ações da companhia. Os analistas projetam que o segundo semestre será marcado por consumo moderado, concorrência intensa e aumento de despesas.
Atualmente, os papéis da Ambev são negociados a 11,8 vezes o preço sobre lucro estimado para 2026, abaixo do múltiplo de 13,3 vezes da Anheuser-Busch InBev, diferença menor que a média histórica de desconto de 20%.