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Publicado em 09/10/2025, às 16h48 Entre os principais setores de ocupação, as mulheres só são maioria em três: ciências e profissões intelectuais; suporte administrativo e serviços; e vendas no comércio - Paulo Pinto/Agência Brasil José Nilton Jr.
Mesmo com um nível de educação superior ao dos homens, as mulheres seguem em desvantagem em relação ao mercado de trabalho. Os dados são do Censo 2022 e foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os número revelam que as mulheres representam 52% da população brasileira, mas apenas 43,6% da força de trabalho.
Enquanto 62,9% dos homens com 14 anos de idade ou mais estavam ocupados na época da pesquisa, somente 44,9% das mulheres tinham um emprego. A diferença confirma que a desigualdade de gênero ainda é uma marca forte no mercado de trabalho nacional.
Entre os principais setores de ocupação, as mulheres só são maioria em três: ciências e profissões intelectuais; suporte administrativo e serviços; e vendas no comércio. Em contraste, sua presença é quase inexistente em funções como operadoras de máquinas, militares, policiais e bombeiras.
No que diz respeito às atividades, as mulheres dominam os serviços domésticos, onde chegam a 93,1% dos trabalhadores, e também são maioria nos setores de saúde e educação, com mais de 70% de participação. Ainda assim, esses são justamente os segmentos com remunerações mais baixas e pouca valorização profissional.
Os números do IBGE evidenciam que os homens receberam, em média, R$ 3.115 por mês, enquanto as mulheres ganharam R$ 2.506, uma diferença de R$ 609. E o abismo cresce conforme o nível de escolaridade aumenta: entre os que concluíram o ensino superior, os homens ganham R$ 7.347, e as mulheres, R$ 4.591, o equivalente a apenas 60% do valor masculino.
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Paradoxalmente, elas são mais instruídas: 28,9% das mulheres têm diploma universitário, contra 17,3% dos homens. O dado reforça que a desigualdade de gênero não está ligada à falta de qualificação, mas à persistência de barreiras estruturais no mercado.
O Censo 2022 também evidenciou um forte componente racial nas desigualdades de renda. Os trabalhadores indígenas apresentaram o menor rendimento, com R$ 1.653 mensais, seguidos pelos negros, com R$ 2.061. No topo, os trabalhadores amarelos ganharam R$ 5.942, enquanto os brancos receberam R$ 3.659.
Mesmo entre pessoas com ensino superior, as disparidades se ampliam: os indígenas ganham menos da metade do que os amarelos (R$ 3.799 contra R$ 8.411), e os negros recebem R$ 4.175, frente aos R$ 6.547 dos brancos.