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Publicado em 13/08/2025, às 12h21 Reprodução/Freepik Giovana Gurgel
Apesar de campanhas de conscientização como o Agosto Azul, a resistência masculina aos cuidados preventivos continua evidente.
Dados do Ministério da Saúde mostram que apenas um em cada quatro atendimentos da atenção primária do SUS, entre adultos de 20 a 59 anos, é feito com pacientes do sexo masculino. Na maioria dos casos, a busca por atendimento ocorre apenas em situações de urgência, quando o problema de saúde já está avançado.
Essa postura tem impacto direto na expectativa de vida: segundo o IBGE, em 2023 os homens brasileiros viviam, em média, 73,1 anos, 6,6 anos a menos que as mulheres, cuja expectativa foi de 79,7 anos. O abismo revela diferenças no comportamento preventivo e no autocuidado.
Para o clínico geral e professor do IDOMED, Claudio Souza de Paula, prevenir deve ser regra para todos os homens adultos, independentemente de sintomas. “Muitos quadros graves poderiam ser evitados com medidas simples de rastreamento e acompanhamento regular”, afirma.
Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam que os tipos mais comuns de câncer masculino no Brasil são próstata, pulmão, intestino (colorretal) e bexiga. O câncer de próstata lidera com cerca de 72 mil novos casos ao ano, especialmente em homens acima dos 65 anos. Diagnóstico precoce é fundamental para a cura.
O câncer de pulmão, segundo mais incidente, tem no tabagismo o principal fator de risco. Já os tumores colorretais, que afetam o intestino grosso e o reto, são a terceira maior causa de incidência.
O médico reforça que exames como hemograma, colesterol, glicemia, aferição de pressão, avaliação renal e hepática, PSA e check-up urológico são fundamentais, especialmente a partir dos 50 anos.
Para fumantes ou ex-fumantes de alto risco, recomenda-se radiografia de tórax. A colonoscopia, por sua vez, deve ser indicada a partir dos 45 anos ou antes, em casos de histórico familiar ou sintomas.
A resistência masculina aos serviços de saúde não se limita à esfera física. Normas culturais ainda associam masculinidade à autossuficiência e à negação da vulnerabilidade, o que afasta os homens de consultórios e impede a atenção à saúde mental.
Para a professora de psicologia da Estácio, Andresa Souza, essa é uma construção social que precisa ser revista.
“Desde cedo, muitos homens aprendem que expressar dor ou procurar ajuda é sinal de fraqueza, quando, na verdade, é um ato de responsabilidade. A psicoterapia pode ajudar a quebrar esse ciclo, incentivando uma relação mais consciente e saudável com a saúde física e emocional”, afirma.