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Publicado em 21/05/2025, às 14h05 Suplementos que prometem curar o câncer: um mercado perigoso e ilegal - Reprodução/Freepik Redação
Promessas falsas de cura para o câncer têm se espalhado como fogo pelas redes sociais e aplicativos de mensagens. Um levantamento obtido pelo portal UOL revelou que a circulação de fake news sobre o tema no Telegram disparou quase 1.400% entre 2019 e 2024.
À frente do estudo está Ergon Cugler, pesquisador do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), que detectou o aumento no número de menções a substâncias como graviola, babosa e cogumelo do sol — nenhum com eficácia comprovada contra a doença.
Profissionais da área da saúde alertam: a maioria desses compostos sequer pode ser vendida como suplemento e, em alguns casos, provocam danos graves ao organismo de pacientes em tratamento.
Apesar de não serem testados em humanos como os medicamentos, os suplementos só podem ser comercializados se suas substâncias-base forem aprovadas pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) — e jamais podem ter indicação de cura. Ainda assim, cresce o número de pacientes que chegam aos consultórios afirmando consumir essas substâncias ou demonstrando interesse em usá-las.
Segundo Cristiano Rezende, diretor da SBOC (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica), e a oncologista Elge Werneck, da ASCO (Sociedade Americana de Oncologia Clínica), esse consumo costuma ser estimulado por relatos emocionais de “curas milagrosas”, geralmente espalhados por vendedores infiltrados em grupos de WhatsApp, Facebook e Telegram.
Eles criam um ambiente de falsa esperança, sugerindo que médicos convencionais “escondem a verdade” para não perder dinheiro.
Em muitos casos, a confiança em métodos alternativos resulta em atrasos ou até abandono do tratamento convencional. A psicóloga Ana Paula Manzolini relata que já acompanhou pacientes que recusaram quimioterapia por influência desses discursos. Quando decidiram retornar, o quadro já era irreversível.
A ANVISA reforça que suplementos não têm finalidade terapêutica e o Ministério da Saúde alerta para os riscos da interferência dessas substâncias no tratamento oncológico.
O comércio paralelo desses produtos, frequentemente disfarçados de “tratamentos naturais”, aproveita a vulnerabilidade emocional dos pacientes e pode custar vidas.
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Informações: Portal UOL