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Brasil sem GPS? Especialistas explicam o que pode acontecer

Com sistemas como GLONASS e Galileo, o Brasil pode diversificar suas opções de navegação e reduzir riscos de interrupções  |  Brasil sem GPS? Especialistas explicam o que pode acontecer - Reprodução

Publicado em 21/07/2025, às 21h58   Brasil sem GPS? Especialistas explicam o que pode acontecer - Reprodução   BNews Natal

A possibilidade de interrupção no acesso ao sistema GPS no Brasil levantou preocupações entre motoristas de aplicativo, entregadores, usuários de smartphones e setores inteiros que dependem da localização em tempo real. A notícia gerou reações imediatas e colocou em evidência uma vulnerabilidade até então pouco discutida.

O cenário ganhou força em meio ao aumento das tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos. Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro sugeriram que futuras sanções americanas poderiam envolver restrições ao uso do GPS, um sistema essencial para o funcionamento de plataformas como Google Maps, Waze, Uber e iFood, além de serviços logísticos, bancários e de emergência.

Dependência quase total do GPS expõe fragilidade

Embora especialistas considerem improvável a adoção de tal medida, principalmente devido ao seu impacto global e sensibilidade política, a discussão levanta uma questão concreta: o Brasil depende quase exclusivamente do sistema operado pelos Estados Unidos. Caso ocorra algum bloqueio, mesmo que parcial ou temporário, os efeitos seriam sentidos de forma imediata.

Entre os impactos mais prováveis estão falhas na navegação, perda de precisão em rotas, mau funcionamento de aplicativos e interrupções em serviços que utilizam geolocalização para operar. Essa dependência coloca o país em uma posição vulnerável diante de qualquer instabilidade internacional.

Alternativas ao GPS já estão disponíveis

Apesar do domínio do GPS, outros sistemas globais de navegação por satélite já estão em uso e disponíveis em muitos dispositivos. O GLONASS, operado pela Rússia, cobre o planeta inteiro e é compatível com grande parte dos celulares Android e alguns modelos de iPhone.

Outro exemplo é o Galileo, sistema da União Europeia, com alta precisão e compatível com a maioria dos smartphones lançados após 2018. Há ainda o BeiDou, da China, que alcançou cobertura mundial em 2020 e está presente em boa parte dos aparelhos asiáticos. NavIC, da Índia, e QZSS, do Japão, são alternativas eficazes em seus respectivos territórios.

Celulares modernos usam várias constelações

Boa parte dos celulares mais recentes já combina sinais de múltiplas constelações para melhorar a precisão da localização, especialmente em áreas urbanas onde o sinal de satélite costuma ser instável. Isso significa que, mesmo com falhas no GPS, a navegação ainda pode funcionar com apoio de outros sistemas.

Além disso, a triangulação por torres de celular, Wi-Fi e sensores internos dos aparelhos também ajuda a manter o posicionamento com algum nível de precisão, mesmo sem conexão direta com satélites GPS.

Como se preparar para uma eventual falha no GPS

Usuários podem tomar medidas práticas para manter a navegação funcionando em caso de bloqueio. O primeiro passo é verificar se o aparelho oferece suporte a sistemas como GLONASS, Galileo ou BeiDou, informação que pode ser consultada no site do fabricante. Marcas como Samsung, Apple, Motorola, Xiaomi e Huawei já oferecem suporte a múltiplas constelações.

Outro recurso importante é usar aplicativos como Google Maps e Waze, que alternam automaticamente entre os sinais disponíveis e também utilizam redes móveis para auxiliar na localização. Além disso, existem apps como GPSTest e GNSSToolkit que mostram quais satélites estão em uso em tempo real.

Mapas offline e tecnologia terrestre como plano B

Baixar mapas para uso offline pode ser uma boa alternativa. Aplicativos como OsmAnd, Maps.me e Here WeGo funcionam mesmo sem sinal de satélite, usando os sensores do celular para estimar a posição do usuário.

Para usos mais técnicos e profissionais, receptores GNSS externos com suporte a múltiplos sistemas estão disponíveis no mercado, especialmente nas áreas de aviação, agricultura de precisão e logística. Empresas como Trimble, Garmin e Septentrio oferecem soluções avançadas nesse segmento.

Rádios terrestres e o futuro da navegação

Como alternativa complementar, alguns países têm apostado em tecnologias de navegação terrestre, como o sistema eLoran. Embora ainda pouco adotado no Brasil, esse tipo de solução pode ganhar importância caso o ambiente geopolítico continue instável. O eLoran opera por rádio, não por satélite, o que o torna menos vulnerável a bloqueios internacionais.

Com os avanços tecnológicos e a multiplicidade de sistemas em operação, o Brasil tem opções para não ficar refém de um único serviço. O desafio está em se antecipar a possíveis crises e garantir a continuidade de serviços fundamentais para a vida moderna.

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