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Salários atrasados, plano cortado, vale-transporte suspenso: o colapso silencioso dos terceirizados no RN

Trabalhadores enfrentam falta de comida e contas acumuladas devido a atrasos nos pagamentos, com relatos de abandono por parte da empresa  |  Foto: Reprodução.

Publicado em 12/05/2025, às 09h03   Foto: Reprodução.   Redação

"Eu passei até fome durante as férias porque a empresa não pagou o salário em dia, e as férias só pagaram muito depois de eu já ter voltado a trabalhar." O desabafo é de um trabalhador terceirizado da Clarear Serviços, empresa contratada pelo Governo do Rio Grande do Norte (RN) para prestar serviços em secretarias como a de Planejamento, Orçamento e Gestão (SEPLAN). Além deste, outros funcionários afirmam viver dramas parecidos: falta de comida na mesa, contas acumuladas, dívidas, e o sentimento crescente de abandono.

Essa não é a primeira vez que a Clarear se envolve em denúncias de atrasos salariais. A equipe de reportagem do Bnews Natal teve acesso exclusivo a mensagens em um grupo de WhatsApp formado por funcionários que prestam serviços à SEPLAN. Nos relatos, os funcionários relatam situações de descaso e omissão do poder público, que, segundo os trabalhadores.

"Trabalhamos em uma secretária de planejamento e deixam essas coisas acontecerem sem fazer nada", afirma um dos colaboradores. 

Os atrasos salariais são frequentes, segundo a categoria. “Já teve mês que o pagamento deveria sair no dia 6, mas só pagaram no dia 19. Já outro mês, o pagamento veio depois do dia 20. É uma verdadeira loteria”, desabafa um funcionário. A incerteza sobre quando (ou se) vão receber tem gerado um clima de insegurança constante.

Além dos salários em atraso, benefícios assegurados por lei também vêm sendo descumpridos. Um exemplo é o plano de saúde, atualmente suspenso por falta de repasse da empresa. “Na semana passada, passei mal e procurei atendimento médico. Chegando lá, fui informado de que o plano estava inativo porque a empresa não efetuou o pagamento”, relatou um trabalhador. 

O vale-transporte também se tornou um obstáculo para os trabalhadores. Muitos estão arcando com os custos do próprio bolso para conseguir chegar ao trabalho, enquanto outros sequer têm condições de sair de casa. “Tem gente vindo com o pouco que tem. Tem gente que está ficando em casa porque não tem de onde tirar”, relatou um dos colaboradores.

Dentro da própria equipe, uma fiscal de contrato da SEPLAN relatou dificuldades para mediar a situação.

“Já solicitei desligamento do contrato, pois a empresa não me atende, não dá retorno, não se comunica. Só responde quando lhe convém. Assim, eu e ninguém somos a mesma coisa”, desabafou, indignada.

Até a publicação desta reportagem o pagamento referente ao mês de abril ainda não havia sido realizado.

O que diz a Secretaria

De acordo com fontes ligadas à própria SEPLAN, a fatura referente ao pagamento da empresa do mês de fevereiro foi paga apenas no dia 6 de maio. Já as faturas de março e abril sequer foram apresentadas pela empresa, o que impossibilita qualquer repasse por parte do Governo. 

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