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Quilos perdidos com canetas emagrecedoras como Ozempic podem voltar em poucas semanas; entenda alerta do novo estudo

Especialistas alertam para o efeito sanfona e a necessidade de acompanhamento médico contínuo durante o tratamento com medicamentos para emagrecer  |  Variações de peso podem aumentar riscos cardiovasculares; endocrinologistas recomendam manutenção da medicação para resultados duradouros. - Divulgação

Publicado em 10/08/2025, às 07h47   Variações de peso podem aumentar riscos cardiovasculares; endocrinologistas recomendam manutenção da medicação para resultados duradouros. - Divulgação   Dani Oliveira

Um novo estudo da Universidade de Pequim acendeu o alerta para quem aposta nas chamadas “canetas emagrecedoras”, como Ozempic e Wegovy. Segundo a pesquisa, publicada na revista BMC Medicine, o peso eliminado durante o tratamento tende a retornar entre 8 e 20 semanas depois que o uso é interrompido.

A análise reuniu dados de 11 estudos anteriores, envolvendo mais de 2.400 pacientes, e confirmou o temido “efeito sanfona”. Especialistas explicam que o fenômeno é resultado de uma reação natural do corpo: ao perceber a redução de gordura, o organismo interpreta como uma ameaça e aciona mecanismos para recuperar os quilos perdidos.

Ao interromper o medicamento, alguns pacientes podem inclusive ultrapassar o peso que tinham antes do tratamento”, alerta a endocrinologista Cynthia Valério, da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica).

Estratégia é fundamental

Apesar de resultados expressivos — com reduções de até 15% do peso corporal, comparáveis aos obtidos em cirurgias bariátricas —, especialistas defendem que o uso dos medicamentos deve estar inserido em um plano de longo prazo. Isso inclui acompanhamento médico contínuo, dieta equilibrada, exercícios físicos e estratégias para manutenção do peso.

Outros problemas graves analisados

As variações bruscas na balança não afetam apenas a autoestima. Elas também elevam os riscos de problemas cardiovasculares, como infarto e AVC. Para o endocrinologista Walmir Coutinho, assim como no tratamento de doenças crônicas, a manutenção da medicação pode ser fundamental para preservar os resultados.

Segundo Karin Conde Knape, vice-presidente da farmacêutica Novo Nordisk, a semaglutida — substância presente em medicamentos como Ozempic e Wegovy — “não altera o ponto de ajuste do corpo”, o que explica o retorno gradual do peso. Estima-se que metade dos pacientes volte ao peso original em um período de dois a cinco anos após suspender o uso.

Fiocruz fecha parceria para produção nacional

Fiocruz e EMS comunicaram que firmaram acordos para transferir a tecnologia de síntese do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) e do medicamento final para Farmanguinhos, que é a unidade técnico-científica da Fiocruz.

A princípio, a fabricação dos medicamentos ocorrerá na fábrica da EMS, localizada em Hortolândia (SP), até que toda a tecnologia de produção seja integralmente transferida para o Complexo Tecnológico de Medicamentos de Farmanguinhos, no Rio de Janeiro.

Segundo o comunicado, as injeções subcutâneas representam uma abordagem de alta eficácia e são consideradas inovadoras para o tratamento de diabetes e obesidade. Isso marca um avanço importante da indústria nacional no desenvolvimento de soluções de alta complexidade.

Para a EMS, os acordos simbolizam um marco histórico para a indústria farmacêutica brasileira. Já a Fiocruz ressaltou que a união com parceiros públicos e privados agrega excelência e inovação, além de ampliar seu portfólio de produção.

A Farmanguinhos explicou que essa produção inaugura a estratégia da Fiocruz para se preparar também para a fabricação de medicamentos injetáveis. Isso permite a incorporação de uma nova forma farmacêutica e fortalece a capacidade produtiva.

Controle para assegurar segurança para saúde

Desde junho, farmácias e drogarias começaram a reter receitas de canetas emagrecedoras. Além da semaglutida e da liraglutida, essa categoria também inclui dulaglutida, exenatida, tirzepatida e lixisenatida.

A decisão de implementar um controle mais rigoroso na prescrição e na dispensação desses medicamentos foi tomada pela diretoria colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em abril, entrando em vigor 60 dias após a publicação no Diário Oficial da União.

Em nota, a agência explicou que a medida visa proteger a saúde da população brasileira. Isso se justifica especialmente pelo elevado número de eventos adversos relacionados ao uso desses medicamentos fora das indicações aprovadas pela Anvisa.

Estratégia para evitar o uso indiscriminado

A retenção das receitas das canetas emagrecedoras é apoiada por entidades como a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, a Sociedade Brasileira de Diabetes e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica.

Em comunicado público, essas entidades destacam que o uso indiscriminado desses medicamentos preocupa tanto pela saúde da população quanto pelo acesso dos pacientes que realmente precisam do tratamento.

O documento alerta que a venda de agonistas de GLP-1 sem receita médica, embora irregular, é frequente. A legislação vigente exige receita médica para a dispensação desses medicamentos, porém não exige a retenção da receita pelas farmácias. Essa falha facilita o acesso indiscriminado e a automedicação, expondo pessoas a riscos desnecessários

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