Cidades
Publicado em 27/06/2025, às 09h35 Comissão da Câmara aprova projeto que homenageia mulheres negras nas cédulas do real, destacando suas lutas por direitos. - Divulgação Dani Oliveira
A Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara aprovou, no dia 11 de junho, um projeto que prevê a inclusão de personalidades femininas e negras nas novas cédulas e moedas do Brasil. A proposta determina que o Banco Central busque homenagear figuras que tenham se destacado na luta pelos direitos das mulheres e contra o racismo.
O texto altera a Lei 4.595/64, que trata da política monetária do país e, para escolher as homenageadas, os nomes deverão ser apresentados e escolhidos com apoio das comissões de Direitos Humanos e da Mulher da própria Câmara.
Como a proposta foi apresentada
A proposta foi apresentada pelo deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), mas recebeu mudanças da relatora, deputada Benedita da Silva (PT-RJ). Ela retirou a ideia de consulta pública por considerar o processo muito complexo.
– Em mais de 30 anos de circulação do real, a única imagem de mulher que figura nas notas atuais é a abstrata ideia da República, sempre representada por uma mulher, em vários países do mundo. Por essa razão, a ideia do projeto é muito oportuna e necessária – disse a deputada.
Sobre a alteração do projeto
Benedita disse que a ideia de Silva sobre ter uma consulta pública para escolher as personalidades seria dificultosa, pois “para coletar as ideias da população a respeito do tema, a serem expressas em cerca de 500 mil urnas eletrônicas” espalhadas pelo país.
Após aprovação na Comissão citada, a proposta ainda será analisada pelas comissões de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça. Para se tornar lei, precisa passar pelo plenário da Câmara e pelo Senado, seguindo então para sanção presidencial.
A seguir, confira algumas mulheres negras que influenciaram (e influenciam até hoje) a cultura e a política do país:
1. Dandara dos Palmares (século 17)
Líder feminina do Quilombo dos Palmares, Dandara era companheira de Zumbi dos Palmares, com quem teria tido três filhos. Ao longo de décadas, a matriarca participou de decisões políticas e militares em prol da luta pela abolição da escravatura e assumiu o compromisso de lutar pela liberdade das cerca de 30 mil pessoas que chegaram a compor o quilombo.
2. Antonieta de Barros (1901 - 1952)
Nascida em Santa Catarina, a educadora Antonieta de Barros foi uma importante política na luta contra o racismo e o machismo na região Sul. Recém-formada na Escola Normal Catarinense, instituição que preparava professores na época, criou em 1922 um curso para alfabetizar a população carente. Também fundou o jornal A Semana, em que publicava seus artigos sobre educação e desigualdade racial e de gênero.
3. Carolina de Jesus (1914 - 1977)
Filha de pais analfabetos, Carolina cresceu no interior de Minas Gerais e teve a oportunidade de começar a estudar aos 7 anos. Frequentou o Colégio Allan Kardec, a primeira escola espírita do Brasil, com o auxílio financeiro de uma mulher para quem sua mãe trabalhava como lavadeira. Em pouco tempo, aprendeu a ler e a escrever, conquistas que mudariam sua vida e a história da literatura brasileira.
4. Ruth de Souza (1921 - 2019)
Criada em uma fazenda no interior de Minas Gerais até os 9 anos da idade, Souza começou a se interessar pela atuação após se mudar para o Rio de Janeiro e assistir a peças no Teatro Municipal da Cidade Maravilhosa. Em 1945, passou a atuar no Theatro Experimental do Negro, projeto liderado pelo artista e professor universitário Abdias do Nascimento.
5. Marta da Silva Vieira (1986)
Mais conhecida apenas como Marta, a jogadora nascida em Dois Riachos, no interior de Alagoas, é a maior artilheira da história Seleção Brasileira. Somando 110 gols, a marca supera a de todos os homens e mulheres que já vestiram a camisa canarinho.
6. Maria da Conceição Fraga
Escreveu sobre um dos períodos mais opressores da história do Brasil, recordado até os dias atuais pela máxima Lembrar para não esquecer. É isso o que fez a escritora e professora aposentada do Departamento de História (DeHis/CCHLA/UFRN), Conceição Fraga, ao lançar a obra 60 anos do Golpe Civil Militar no Rio Grande do Norte.