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Publicado em 28/09/2025, às 15h41 Governadores do Nordeste já se mobilizam para sediar o novo hub, aumentando a pressão sobre o Rio Grande do Norte e outros estados. - Reprodução Simone Santos
O anúncio de um possível financiamento para um hub internacional no Nordeste acende uma nova perspectiva para o Rio Grande do Norte, que historicamente sofre com passagens mais caras do que os estados vizinhos. A estrutura promete não apenas ampliar a malha aérea, mas também gerar competição e, com isso, reduzir os custos para o consumidor.
Com a aprovação do PL 4.392, o Nordeste pode estar mais perto de ganhar um novo hub internacional. A proposta, que autoriza companhias estrangeiras a operar em rotas domésticas no Brasil, abre portas para investimentos robustos no setor aéreo — incluindo o financiamento de um aeroporto de padrão internacional na região.
A entrada de empresas como TAP, Iberia e Air France em voos internos pode aquecer o mercado, estimular a concorrência e finalmente aliviar o bolso do passageiro brasileiro.
O projeto de construção de um novo hub internacional no Nordeste ganhou força com o anúncio feito pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe, no último dia 16, em São Paulo.
A iniciativa, que pode receber apoio do Programa de Aceleração do Turismo Internacional — política federal voltada à ampliação da conectividade aérea e à atração de turistas estrangeiros — surge como uma oportunidade estratégica para o Brasil reposicionar o Nordeste como uma porta de entrada global.
Enquanto o Nordeste celebra a possibilidade de abrigar um novo hub internacional, a disputa pelo projeto já começou nos bastidores. A Paraíba foi a primeira a se posicionar publicamente.
Presente ao evento em São Paulo, o governador João Azevêdo afirmou que o estado “vai concorrer” para sediar o terminal e adiantou que a gestão está disposta a oferecer condições fiscais atrativas para garantir a instalação.
O movimento coloca pressão sobre outros estados nordestinos, como o Rio Grande do Norte, que também almejam protagonismo no setor aéreo.
Com o aumento da concorrência, a expectativa é que as tarifas aéreas tanto internacionais quanto em rotas domésticas sofram uma queda significativa. Especialistas do setor estimam reduções que podem chegar a até 40% em alguns trechos.
Mas o benefício direto ao potiguar depende de uma condição essencial: que o novo hub seja instalado no Rio Grande do Norte. Caso estados como Pernambuco, Ceará ou Paraíba saiam vencedores na disputa, o cenário mais provável é que os passageiros do RN tenham que pegar a estrada para embarcar nos aeroportos vizinhos, onde os preços devem se tornar ainda mais atrativos.
Nos bastidores da aviação comercial, uma variável pesa tanto quanto o número de passageiros: o imposto sobre o combustível. O querosene de aviação (QAV), que pode representar até 30% do valor final de uma passagem, tornou-se peça central na disputa pelos voos.
Estados que reduziram o ICMS sobre o QAV não só atraíram novas rotas, como também ampliaram sua malha aérea de forma expressiva. Ciente desse cenário, o Rio Grande do Norte precisa agir rápido.
A redução do imposto, aliada a uma articulação política estratégica, é o caminho mais direto para tornar o estado competitivo na briga pelo hub e, finalmente, aliviar o bolso do passageiro potiguar.