Cidades

Bomba sobre rodas? Milhares de carros a gás circulam sem inspeção no RN; confira os perigos constantes a cada quilômetro rodado

Mais de 11 mil veículos a gás circulam sem inspeção no RN, colocando em risco motoristas e pedestres a cada quilômetro rodado  |  Motoristas de aplicativo são os mais afetados pela falta de regularização, e a fiscalização ineficaz agrava a situação nas estradas. - Divulgação

Publicado em 25/09/2025, às 12h41   Motoristas de aplicativo são os mais afetados pela falta de regularização, e a fiscalização ineficaz agrava a situação nas estradas. - Divulgação   Dani Oliveira

Mais de 11,6 mil veículos rodam pelas ruas e rodovias do Rio Grande do Norte sem o Certificado de Segurança Veicular (CSV) válido, trafegando de forma irregular e colocando em risco motoristas, passageiros e pedestres.

O número oficial pode ser ainda maior, já que muitos proprietários deixam de realizar a inspeção anual ou sequer registram a conversão do carro para GNV no Detran.

Em casos mais graves, há veículos convertidos em oficinas não homologadas, sem qualquer inspeção de organismos credenciados pelo Inmetro, o que compromete seriamente a segurança.

Para a conversão do veículo, o motorista deve começar focando na escolha de uma oficina de credibilidade e homologada para a finalidade.

Segundo dados oficiais, a frota de veículos a gás no estado já se aproxima de 55 mil — o que significa que milhares circulam sem a garantia mínima de segurança.

Risco de explosões

O engenheiro Domingos Júnior, especialista em inspeções de GNV, alerta para os perigos da irregularidade.

Um exemplo é o cilindro de gás. Ele precisa ser requalificado a cada cinco anos. Sem inspeção, o dono pode não perceber que o prazo venceu — e isso pode levar à explosão do cilindro”, destacou.

Ele também lembra que veículos não regularizados deixam de passar pela inspeção inicial de ruídos e de emissão de gases, prevista pelo Inmetro e pelo Senatran. “Isso representa não só um risco de falhas mecânicas, mas também um problema ambiental, pela falta de controle sobre poluição e ruídos no trânsito”, acrescentou.

O papel do CSV

O Certificado de Segurança Veicular é o documento que comprova que o kit GNV passou por inspeção técnica e está em condições adequadas de uso. Sem ele, não há garantias de segurança nem para os ocupantes nem para os demais usuários do trânsito.

Documento com selo oficial que comprova a conversão do carro para utilização de gás natural veicular.

Segundo Domingos Júnior, veículos de aplicativo são os que mais circulam sem legalização.

Para tentar reduzir esse quadro, os organismos de inspeção oferecem preços diferenciados para motoristas de aplicativo, como forma de estimular a regularização”, disse.

Fiscalização falha

A ausência de fiscalização agrava o problema. “O pior é que muitos carros convertidos para GNV continuam constando no Detran como se fossem a gasolina, e por isso não sofrem nenhum tipo de fiscalização. Sem registro oficial, o documento não é retido por falta de inspeção, e esses carros rodam indefinidamente sem vistoria.

Nem a polícia, nem os postos de combustíveis exigem o CSV no momento do abastecimento, quando já ocorreram acidentes graves com explosão de cilindros”, ressaltou o engenheiro.

Em estados como São Paulo, já existem blitzes específicas para verificar poluição e ruídos. No RN, a falta dessa prática permite que a frota irregular cresça sem controle.

A realidade que circula pelas ruas

A jornalista Ilana Albuquerque, tem carro com instalação de gás GNV há anos e confirma a sensação de insegurança; além do sentimento de medo cada vez que precisa abastecer o veículo.

Nunca me pedem o CSV nos postos ou em blitzes. Toda vez que paro para abastecer, tenho receio do veículo ao lado explodir. Parece que não há uma legislação que obrigue os postos a pedir o documento. Quando as conversões começaram em Natal, na década de 90, os veículos eram obrigados a fixar o CSV no para-brisa. Hoje não há mais essa prática. A PRF e a PRE também não fazem uma fiscalização rotineira. A única forma de controle é reter o documento anual de carros que constam como convertidos para GNV. Mas, e os que não constam? Aqueles que instalam o kit sem registrar no Detran ficam sem qualquer controle ou fiscalização”, afirmou

Riscos de circular sem manutenção

Rodar em um carro a gás sem inspeção e manutenção regular é assumir riscos sérios: cilindros vencidos podem explodir com a pressão acumulada, vazamentos de gás podem provocar incêndios silenciosos, sistemas mal instalados comprometem a frenagem e a estabilidade do veículo, além de aumentar a emissão de poluentes e o ruído no trânsito.

Como deve ser feita a instalação correta do GNV

A conversão para GNV deve seguir um protocolo rígido: primeiro, a escolha de uma oficina credenciada pelo Inmetro; depois, a instalação do kit homologado; em seguida, a vistoria técnica de segurança, que atesta o funcionamento do sistema e a integridade do cilindro.

Somente após todos os procedimentos é emitido o Certificado de Segurança Veicular (CSV), documento obrigatório que precisa ser levado ao Detran para atualização do registro do veículo.

Sem essas etapas, o carro circula de forma irregular e expõe todos a riscos que podem ser fatais.

Classificação Indicativa: Livre


TagsNatalSegurançaFiscalizaçãoVeículosDetranManutençãoPoluiçãoLegislaçãoSão pauloRNIncêndiosCarrosGnvBombaGásInspeçãoExplosõesRuídosCsvCilindro