Política
Publicado em 07/05/2025, às 18h36 Redação
O deputado federal Sargento Gonçalves (PL-RN) está coletando assinaturas para uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que pode investigar “graves indícios de corrupção privada e gestão temerária” na Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Em entrevista exclusiva para o BNews Natal, o parlamentar defende que “essa CPI será um instrumento essencial para quebrar o ciclo de impunidade e garantir que os responsáveis, se confirmadas as irregularidades, sejam exemplarmente punidos. O futebol brasileiro precisa ser passado a limpo”.
"Eu passei 18 anos trocando tiro com bandido, então não cheguei até aqui para me acovardar diante de qualquer tipo de pressão" afirma o deputado federal Sargento Gonçalves (PL-RN), que está colhendo assinaturas para que seja instalada uma CPI para investigar corrupção na CBF. pic.twitter.com/D8fvC1hiym
— BNews Natal (@BnewsNatal) May 7, 2025
1. Como o senhor avalia o impacto dessas denúncias na credibilidade da CBF e no futebol brasileiro em geral?
As denúncias lançam uma mancha grave sobre a CBF e colocam em risco a integridade de todo o sistema do futebol nacional. Estamos falando de possíveis práticas de corrupção privada, gestão temerária, espionagem de funcionários, uso de recursos da entidade para fins pessoais e até falsificação de assinatura em acordos judiciais. A credibilidade da entidade está comprometida. Isso atinge não apenas a esfera esportiva, mas também a confiança do torcedor e o respeito internacional que o futebol brasileiro ainda possui.
2. Considerando essas acusações de suposta falsificação de documentos e manipulação de resultados, quais medidas o Congresso deveria tomar para garantir transparência na CBF?
Já adotamos medidas concretas. Apresentei o REQ 52/2025 na Comissão do Esporte para ouvir os principais envolvidos no acordo que manteve Ednaldo Rodrigues no poder, incluindo testemunhas e o próprio Coronel Nunes, cuja assinatura é suspeita de falsificação. Também protocolei um pedido de CPI para investigar as suspeitas de corrupção privada e gestão temerária na entidade. A Câmara deve cumprir seu papel fiscalizador, com independência, diante do lobby da chamada "bancada da bola", que tem atuado para blindar a direção da CBF.
3. O senhor vê alguma relação entre a gestão atual da CBF e possíveis interferências políticas no futebol brasileiro?
Segundo informes, a CBF tem feito movimentações atípicas em Brasília. Foi criada uma espécie de "casa de lobby" da entidade, Isso cria um ambiente de aparelhamento político da estrutura do futebol. A ingerência política, quando não é transparente, fere os princípios da moralidade e da boa governança.
4. Como membro do Partido Liberal, qual é a posição do partido em relação a essas denúncias e à possível abertura de uma CPI?
O PL defende a lisura na condução dos assuntos de interesse público, ainda que envolvam entidades privadas, como é o caso da CBF. A CPI que propus tem respaldo nos princípios constitucionais da moralidade e da transparência. Apoiamos a apuração rigorosa dos fatos e o fortalecimento dos mecanismos de controle. A integridade do esporte não pode ser negociada em troca de conveniências políticas.
5. O senhor acredita que a atual crise na CBF pode afetar a escolha do novo técnico da seleção brasileira?
Sem dúvida. Uma entidade desacreditada, cuja liderança é questionada judicialmente e cercada de denúncias graves, não possui legitimidade para tomar decisões estruturantes com isenção. A escolha do técnico da seleção é estratégica, exige planejamento, e não pode ser contaminada por interesses escusos ou acordos de bastidores que envolvam troca de favores.
6. Quais ações o senhor propõe para fortalecer a governança e a integridade no futebol brasileiro?
Defendo três linhas principais: em primeiro lugar, a abertura de uma CPI para investigar as práticas da atual gestão da CBF, com poderes de quebra de sigilo e convocação de testemunhas, a fim de colocar em pratos limpos tudo o que já aconteceu e moralizar de vez a gestão da entidade; em segundo lugar, uma regulamentação mais rígida sobre entidades privadas que recebem recursos diretos ou indiretos do poder público, como os provenientes de loterias, apostas esportivas, isenções e benefícios fiscais; e, por último, a criação de critérios legais de integridade, com transparência nos contratos, prestação de contas e controle externo, incluindo a submissão à fiscalização do Tribunal de Contas da União (TCU).
7. O senhor considera que a CBF está cumprindo adequadamente seu papel na prevenção e combate à manipulação de resultados?
Não. Pelo contrário, há fortes indícios de omissão deliberada e até de retaliação contra quem tenta expor os problemas. Além disso, os investimentos em arbitragem foram reduzidos, mesmo diante de uma crise sem precedentes. Isso fragiliza os mecanismos de controle e abre espaço para práticas ilícitas, em prejuízo direto ao esporte e à confiança do torcedor.
8. Como o senhor pretende atuar no Congresso para assegurar que as denúncias contra a CBF sejam devidamente investigadas e, se for o caso, punidas?
Minha atuação já está em curso. Apresentei requerimento para realização de audiência pública na Comissão do Esporte, mas infelizmente a pauta foi retirada por pressão, provavelmente, da chamada “bancada da bola”, num claro movimento de blindagem à atual gestão da CBF. Essa interferência só reforça a gravidade da situação e a necessidade de uma investigação séria e independente. Por isso, estou empenhado na coleta das assinaturas para instalação de uma CPI com poderes reais de investigação. Essa CPI será um instrumento essencial para quebrar o ciclo de impunidade e garantir que os responsáveis, se confirmadas as irregularidades, sejam exemplarmente punidos. O futebol brasileiro precisa ser passado a limpo.
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