Política
Publicado em 01/05/2025, às 15h26 Redação
De frente para o mar, pé na areia, com águas cristalinas, rodeado por recifes de coral. O condomínio Bay View, na Península de Maraú (BA), é um refúgio de alto padrão em uma das regiões mais paradisíacas do litoral baiano. Sua estrutura inclui área de lazer completa, estacionamento privativo e portaria 24 horas situado em frente à Baía de Camamu, o loteamento reúne casas
Mas esse trecho de praia conhecido por suas águas calmas e paisagens preservadas está na mira da Polícia Federal, segundo reportagem investigativa publicada pelo portal Metrópoles. O veículo revelou que nesse cenário de exclusividade e sofisticação se desenrola uma investigação que pode envolver o prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil).
A apuração exclusiva do Metrópoles aponta que dois apartamentos no Bay View foram adquiridos em nome do empresário Samuca Franco, investigado pela terceira fase da Operação Overclean, da Polícia Federal. Um deles, no entanto, teria como verdadeiro proprietário o próprio Bruno Reis, segundo documentos e testemunhas ouvidas pela reportagem — incluindo moradores, corretores e prestadores de serviços.
Eles relatam que o prefeito participou diretamente da escolha do imóvel e acompanhou a execução de serviços como decoração, instalação de ar-condicionado e reforma do mobiliário. Mesmo com a unidade registrada em nome de Franco, fontes apontam Reis como o responsável pelas decisões relacionadas à personalização do apartamento.
Ainda segundo a reportagem assinada pela jornalista Mirelle Pinheiro, a relação entre os dois não é apenas informal. Desde 2022, Bruno Reis é sócio de Samuca Franco na empresa SPE Vento Sul Empreendimentos Imobiliários Ltda., com 10% das cotas adquiridas por meio da BB Patrimonial, empresa em nome do prefeito e de seus filhos.
Overclean
As suspeitas surgem no contexto da Operação Overclean, que investiga desvios de R$ 1,4 bilhão em contratos do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). Franco é apontado como um dos operadores financeiros do esquema.
No início de abril de 2025, a Controladoria-Geral da União e a Polícia Federal deflagraram a terceira fase da Operação Overclean, com o objetivo de desarticular a organização criminosa suspeita de atuar em fraudes licitatórias, desvio de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro.
Nessa fase, foram cumpridos, nas cidades de Salvador/BA, São Paulo/SP, Belo Horizonte/MG e Aracaju/SE, 16 mandados de busca e apreensão e uma ordem de afastamento cautelar de um servidor público, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal.
As investigações apontam que o esquema criminoso atingiu principalmente o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), especialmente a Coordenadoria Estadual da Bahia (CEST-BA), além de outros órgãos públicos que contavam com o apoio operacional da organização criminosa nas localidades afetadas.
A apuração indica ainda que a organização direcionava recursos públicos provenientes de emendas parlamentares e convênios para empresas e indivíduos ligados a administrações municipais, utilizando superfaturamento de obras e desvios financeiros.
Os crimes apurados incluem corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitações e contratos, lavagem de dinheiro e obstrução da justiça.
Fonte: Metrópoles
Classificação Indicativa: Livre