Polícia
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Como começou a disputa que teria levado ao crime?
formaram chapa vitoriosa em João Dias, ocupando, respectivamente, os cargos de prefeito e vice-prefeita. Cada um representava famílias tradicionais da cidade: Marcelo era filho de Sandi Oliveira, enquanto Damária era filha do vereador Laete Jácome.
Investigações já apontavam Laete em casos envolvendo milícia privada. Durante aquela campanha eleitoral, ele acabou preso em flagrante por posse ilegal e receptação de armas. Na mesma época, Damária chegou a ser considerada foragida da polícia.
A administração municipal mudou de comando apenas sete meses após a posse, quando Marcelo solicitou afastamento e Damária assumiu em julho de 2021.
Dois anos depois, em 2022, o prefeito afastado declarou à Justiça que havia sido coagido pela vice e por familiares dela a deixar o cargo. Em outubro, a desembargadora Maria Zeneide Bezerra, do Tribunal de Justiça do RN, determinou o retorno imediato de Marcelo à prefeitura.
Já em dezembro de 2022, tanto Damária quanto Laete foram afastados e tiveram mandados de prisão expedidos. À época, ambos negaram qualquer prática de extorsão, alegando que Marcelo teria renunciado por decisão própria.
Conforme a Polícia Civil, a denúncia apresentada por Marcelo e sua volta ao cargo acirraram o clima de rivalidade entre os dois grupos familiares.
De acordo com o delegado Alex Wagner, os Jácome culpavam o prefeito pela morte de dois irmãos em confronto policial na Bahia, além da prisão de um terceiro em 2022. Todos possuíam mandados de prisão por tráfico de drogas.
Eles começaram a imputar a Marcelo, que estava entregando a localização dessas pessoas. Além de que houve a apreensão de um fuzil na cidade, que também se imputava que Marcelo teria entregue (a localização)”, disse o delegado.
O patriarca Laete faleceu de causas naturais no primeiro semestre de 2024.
Como foi planejado o crime?
As investigações apontaram que um pastor de 27 anos participou da preparação do assassinato de Marcelo e de seu pai, Sandi Oliveira. Na operação policial de sexta-feira (27), que cumpriu seis mandados de prisão e outros seis de busca em João Dias, Patu e Marcelino Vieira, o pastor foi capturado.
Segundo o delegado Alex Wagner, o religioso ajudava o grupo de mandantes a identificar o local mais adequado para a execução. A própria igreja chegou a ser cogitada como cenário.
A questão do pastor é que ele ajudava na logística do crime, de encontrar o melhor local pra cometer o crime, o momento mais adequado”, explicou o delegado.
“Foi cogitado, inclusive, cometer durante o culto onde o Marcelo [prefeito] visitava, porque era o momento que ele estava vulnerável, exposto”.
Como ocorreu o ataque?
Embora fosse conhecido como Marcelo Oliveira, o nome de batismo do prefeito era Francisco Damião de Oliveira, de 38 anos.
No dia 27 de agosto, por volta das 11h, ele e o pai visitavam casas de apoiadores no conjunto São Geraldo, em João Dias, quando foram surpreendidos por criminosos em dois veículos, que abriram fogo. Um segurança do gestor também acabou atingido.
O pai, Sandi Alves de Oliveira, de 58 anos, morreu ainda no local. Marcelo foi socorrido e levado a um hospital em Catolé do Rocha (PB), mas não resistiu aos 11 disparos confirmados pela polícia.
Força-tarefa para capturar os envolvidos
Logo após o atentado, as forças de segurança do Rio Grande do Norte montaram uma força-tarefa para capturar os envolvidos. Além de quatro executores, outras dez pessoas foram presas sob suspeita de elaborar um plano de vingança pelo homicídio.
Com o andamento das investigações, mais dois possíveis executores foram detidos. Um outro homem, localizado morto em área de mata, também foi apontado como participante da ação criminosa — a polícia acredita que ele foi atingido no mesmo dia do assassinato.
A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do RN concluiu o inquérito indiciando oito pessoas como autores diretos do ataque e cinco como mentores intelectuais, “além de 10 pessoas já indiciadas por formação de milícia”. Entre os cinco mandantes, somente o pastor permanece preso.
Quem eram as vítimas?
A trajetória política de Marcelo começou em 2008, quando foi eleito vereador, cargo em que permaneceu também após a eleição de 2012. Em 2016, tentou o posto de prefeito, mas só conquistou o cargo quatro anos depois, em 2020.
O pai, Sandi Alves de Oliveira, de 58 anos, também já havia sido vereador e era considerado por Marcelo sua principal inspiração na vida pública.
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