Polícia
Publicado em 14/05/2025, às 15h36 Redação
"Não quero que nenhuma mãe passe o que eu estou passando, o que eu ainda vou passar, porque o julgamento está aí bem pertinho. Então, o que é que eu quero? Justiça. Que ela seja justa, que se faça presente diante do caso da minha filha Zaira Cruz". O apelo é de dona Maria Ozanete Dantas, mãe da estudante universitária Zaira Cruz, de 22 anos. A jovem, que sonhava em ser engenheira, foi brutalmente assassinada no dia 2 de março de 2019. O acusado é o policial militar Pedro Inácio de Maria. O júri popular está marcado para o dia 2 de junho, em Natal.
O vídeo de dona Ozanete foi enviado com exclusividade ao BNews Natal. Na gravação, a mãe de Zaira (veja na íntegra logo baixo) também pede mudança nas leis do país, mais agilidade da Justiça, uma vez que o julgamento demorou seis anos para ser marcado, e também fala de um sofrimento sem fim. Confira:
Mãe de filha estuprada e assassinada no RN pede justiça; PM é suspeito e julgamento está marcado.
— BNews Natal (@BnewsNatal) May 14, 2025
Confira o pronunciamento da mulher: pic.twitter.com/zUckLvdOzf
O que eu mais espero, o que eu mais peço, o que eu mais clamo, até para que ela não seja esquecida, porque a forma como ela foi assassinada foi de uma barbaridade grande, é justiça", acrescentou dona Ozanete .
Minha filha era uma cidadã de bem. Eu sou uma cidadã de bem. Criei minha filha com educação, com respeito, e aguardo que a justiça seja feita. Alguém tem que pagar. Assassinaram minha filha. Só teve uma pessoa que estava com ela. Então que ele pague pelo que fez com minha filha, com a justiça da terra e a de Deus", finalizou a mãe de Zaira.
O Caso Zaira
Natural de Currais Novos, no Seridó potiguar, Zaira Dantas da Silveira Cruz morava em Mossoró, na região Oeste. Lá, ela cursava o último ano de Engenharia Química na Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA). O corpo da estudante foi encontrado dentro do carro do sargento da PM Pedro Inácio de Maria. Isso aconteceu no dia 2 de março de 2019, um sábado de carnaval. O veículo estava no estacionamento de um condomínio em Caicó, também no Seridó, onde o policial e um grupo de amigos haviam alugado uma casa para passarem o feriado.
De acordo com denúncia feita à Justiça pelo Ministério Público Estadual, a jovem foi estuprada e brutalmente assassinada por estrangulamento. Acusado por homicídio triplamente qualificado (com uso de asfixia, para assegurar a ocultação de outro delito e feminicídio), o sargento foi preso em casa, duas semanas após o crime. Desde então, permanece no Quartel Geral da Polícia Militar, em Natal, onde aguarda o julgamento.
No dia da prisão do sargento, a Polícia Civil divulgou laudo do Instituo Técnico-Científico de Perícia, contendo a causa da morte de Zaira. Segundo o documento, a garota havia sofrido asfixia mecânica por meio de estrangulamento. Na época. O diretor do Itep-RN, Marcos Brandão, chegou declarar que a estudante fora vítima de uma morte cruel. “A estudante apresentava lesões no cérebro, nos olhos e pulmões. Além disso, dedos e lábios cianóticos (roxos). Essas características são bem contundentes para asfixia mecânica por estrangulamento, o que materializa o crime de homicídio”, afirmou.
O delegado de Polícia Civil Leonardo Germano, titular da DP de Caicó quando aconteceu o caso, foi quem presidiu o inquérito. À época, ele disse à imprensa que foi o próprio PM quem chamou a polícia para comunicar que havia encontrado o corpo de Zaira dentro do carro dele. “Em um primeiro depoimento, ele disse que teve relação sexual com a jovem dentro do carro, antes de chegarem ao condomínio. E que ela havia apagado dentro do veículo, e que ele a deixou dormindo no carro porque não quis acordá-la. E quando amanheceu, ele foi no carro vê-la, e ela estava morta. Porém, acreditamos que ele já chegou na casa com ela morta dentro do carro, e que, em algum momento antes, ele a violentou e a matou”, ressaltou o delegado, revelando ainda haver indícios fortes de que a moça havia sido estuprada.
Ainda de acordo com o delegado, no dia da prisão, o sargento se reservou ao direito de permanecer em silêncio e só falar em juízo.
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