Polícia
Uma operação, deflagrada pela Polícia Federal, revelou um sofisticado esquema de fraudes em concursos públicos que funcionava como um verdadeiro negócio familiar.
A quadrilha, comandada pelo ex-policial militar Wanderlan Limeira de Sousa, tinha como principal objetivo garantir aprovações ilegais para parentes próximos e pessoas ligadas ao grupo em certames de grande concorrência.
De acordo com as investigações, o esquema envolvia o acesso irregular a informações sigilosas e o pagamento de propinas para manipular resultados, movimentando valores que chegavam a cifras milionárias.
As investigações apontam que o grupo operava com alto grau de organização, utilizando diferentes mecanismos para ocultar a origem dos recursos obtidos de forma ilegal.
Entre as estratégias, estavam o repasse de gabaritos a candidatos favorecidos e a lavagem de dinheiro por meio de empresas de fachada, incluindo uma clínica odontológica em Patos (PB), ligada ao policial militar potiguar Ariosvaldo Lucena de Sousa Júnior.
Considerado um dos principais articuladores do esquema, ele seria responsável por gerenciar parte das transações financeiras e garantir a aparência de legalidade aos valores movimentados pela quadrilha.
Além do policial potiguar, o núcleo principal da organização criminosa era composto por membros da mesma família. Wanderlan Limeira de Sousa liderava o grupo ao lado dos irmãos Valmir Limeira de Souza e Antônio Limeira das Neves, com apoio do filho Wanderson Gabriel de Brito Limeira e da sobrinha Larissa de Oliveira Neves.
Segundo a Polícia Federal, cada integrante tinha uma função específica dentro do esquema, que ia desde o repasse de informações e gabaritos até a administração dos valores obtidos com as fraudes.
As movimentações dos familiares também chamaram a atenção dos investigadores. Larissa de Oliveira Neves despertou suspeitas ao escolher realizar a prova do CNU em Patos (PB), cidade onde o grupo mantinha uma das bases do esquema, apesar de residir em São Paulo.
Já Antônio Limeira das Neves, que atua como agente penitenciário no estado paulista, chegou a se inscrever no concurso da Polícia Federal de 2025, levantando indícios de que a quadrilha buscava ampliar sua atuação e influência dentro das próprias forças de segurança.
As apurações da Polícia Federal revelam que o grupo obteve sucesso em diversas fraudes, incluindo aprovações em cargos de alto prestígio e remuneração. Wanderlan e Valmir Limeira chegaram a ser aprovados no CNU de 2024 para o cargo de auditor fiscal do trabalho, com salário inicial superior a R$ 22 mil, enquanto Larissa de Oliveira Neves também figura entre os aprovados.
O filho de Wanderlan, Wanderson Gabriel, já era conhecido das autoridades: ele foi investigado em 2024 por envolvimento em uma fraude no concurso da Polícia Militar da Paraíba, quando uma candidata foi flagrada utilizando ponto eletrônico durante a prova.
Segundo a Polícia Federal, o grupo direcionava suas ações para concursos de grande relevância nacional, mirando vagas em órgãos como a Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Universidade Federal da Paraíba e Polícias Civis de Pernambuco e Alagoas.
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