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Publicado em 13/07/2025, às 18h31 Aryela Souza
O diretor executivo da Amazon, Andy Jassy, anunciou que a companhia reduzirá sua força de trabalho à medida que a inteligência artificial (IA) for substituindo funcionários humanos, afirmando que a tecnologia afetará um grande número de empregos e setores.
A declaração se soma a advertências semelhantes de outras grandes empresas. A plataforma de vendas online Shopify, por exemplo, informou que suas equipes agora precisam provar que a IA não é capaz de executar uma tarefa antes de solicitar a contratação de mais pessoal. Já o aplicativo de idiomas Duolingo planeja substituir gradualmente seus colaboradores terceirizados por inteligência artificial.
Ameaça ou Oportunidade?
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) estima que um quarto dos postos de trabalho em todo o mundo enfrenta grave risco de se tornar obsoleto devido à IA.
No entanto, também há a expectativa de que ela crie novas oportunidades. Uma previsão do Fórum Econômico Mundial aponta que a reviravolta tecnológica poderá eliminar 92 milhões de empregos existentes até 2030, mas, ao mesmo tempo, também criar 170 milhões de novos postos.
Segundo análise do Fundo Monetário Internacional (FMI), o maior impacto seria nas economias desenvolvidas, com 60% dos empregos afetados (metade de forma negativa, a outra, positivamente). Já nas economias emergentes, como o Brasil, 40% das vagas sentiriam os efeitos.
Quem Está na Mira?
Diferente de avanços tecnológicos passados, que prejudicaram principalmente trabalhadores manuais, a expectativa agora é que a IA atinja em cheio os empregados de nível educacional mais alto, em tarefas de escritório.
Um estudo do Pew Research Center revelou quais são as profissões mais e menos ameaçadas.
Entre as mais ameaçadas estão ocupações que envolvem coleta e análise de dados, como programação, redação técnica, contabilidade e inserção de dados.
Entre as mais resistentes estariam os empregos que envolvem trabalho manual intenso e de difícil automação, como operário de construção, cuidador infantil ou bombeiro.
A Visão Otimista: IA como Ferramenta, não como Substituta
A possibilidade de desemprego em massa tem atraído a atenção de políticos e líderes religiosos, como o Papa, que já alertou para os riscos da IA para a dignidade humana.
Por outro lado, alguns especialistas argumentam que tais temores são exagerados. Para o economista Enzo Weber, do Instituto Alemão de Pesquisa sobre o Trabalho (IAB), os atuais progressos tecnológicos abrem uma ampla gama de novas possibilidades.
A IA primariamente transforma o trabalho, mas não o elimina fundamentalmente", afirma Weber. Ele acredita que, na maioria dos casos, a tecnologia assistirá os humanos para que eles "desenvolvam novas tarefas e as executem melhor, em vez de substituí-los".
Uma pesquisa de economistas da Universidade de Harvard segue uma linha parecida, afirmando que a automação de tarefas "não reduz necessariamente a ocupação" e pode até resultar em ganhos de postos de trabalho em alguns setores, aumentando a produtividade.
Reconhecendo que o impacto da IA será "abrangente e duradouro", os economistas de Harvard ressalvam que "a história nos ensina que [...] seu impacto se desdobrará ao longo de muitas décadas".
A conclusão dos especialistas é que a eficácia da IA dependerá de uma boa integração nos locais de trabalho e da capacidade dos funcionários de se adaptarem. Para Weber, a IA é um divisor de águas:
Ela apresenta oportunidades, mas elas precisam ser agarradas. É essencial mais desenvolvimento e treinamento ativo dos funcionários."
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