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Publicado em 21/05/2025, às 10h56 Redação
O padre Patrick Fernandes, conhecido por unir mensagens religiosas e humor nas redes sociais, vai prestar depoimento nesta quarta-feira (21) na CPI das Bets, no Senado. Ele foi convidado após publicar um vídeo afirmando que gostaria de ser ouvido pela comissão. No vídeo, Patrick disse ter recusado propostas de empresas do setor e relatou os danos causados por jogos de azar a seus seguidores e paroquianos.
A CPI das Bets foi instalada para investigar o impacto das apostas online sobre o orçamento das famílias brasileiras e relações do setor com atividades ilícitas. Até agora, foram ouvidos influenciadores que promoveram plataformas de apostas. Patrick é o primeiro que se manifesta publicamente contra o setor e se dispõe a colaborar com as investigações.
Padre e influencer
Patrick foi ordenado aos 25 anos em Marabá (PA), nasceu em Santo Antônio do Canaã (ES) e hoje está à frente da Paróquia São Sebastião, em Parauapebas (PA). Tornou-se conhecido nacionalmente durante a pandemia, quando suas transmissões e vídeos ganharam popularidade nas redes.
Atualmente, tem mais de 6 milhões de seguidores, entre católicos e não católicos, atraídos por sua forma descontraída de abordar temas de fé e comportamento.
Entre seus conteúdos mais populares estão as "caixinhas de perguntas", em que responde dúvidas com leveza e bom humor. Nos últimos meses, passou a falar com mais frequência sobre os riscos das apostas, especialmente entre os jovens, e passou a receber relatos de pessoas endividadas ou viciadas nos jogos.
Recusou dinheiro das apostas
Patrick revelou ter recebido propostas para divulgar casas de apostas, mas afirma que recusou todas. "Deveriam ouvir também quem tem a dignidade de não aceitar", disse, no vídeo que viralizou. A relatora da CPI, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), afirmou que seu depoimento pode ajudar a "evidenciar os efeitos sociais e humanos" da disseminação das apostas online.
A participação do padre foi formalizada por requerimento apresentado pelo presidente da comissão, senador Dr. Hiran (PP-RR). Segundo ele, é importante ouvir vozes que representem a dimensão moral do debate, especialmente em casos como o de Patrick, que atua diretamente com juventude e famílias vulneráveis.
Posição divergente em relação aos depoimentos anteriores
Diferentemente dos influenciadores ouvidos até agora - como Virgínia Fonseca e Rico Melquíades, que lucraram com contratos de publicidade com casas de apostas -, o padre Patrick deve reforçar a necessidade de uma regulação mais rígida. Em seu vídeo, afirmou que o discurso de "jogo responsável" não condiz com a realidade. "Isso não existe", disse.
A CPI, que pode funcionar até meados de junho, já aprovou convites e convocações de outros influenciadores e celebridades envolvidos com o setor, como Viih Tube, Jojo Todynho, Gusttavo Lima e Carlinhos Maia. A relatora também solicitou a quebra de sigilo bancário e fiscal de nomes ligados às apostas.
Avanço das investigações
Além dos depoimentos de influenciadores, a CPI já teve desdobramentos criminais: em abril, um empresário foi preso por falso testemunho. A comissão também apura suspeitas de lobby, lavagem de dinheiro e tentativas de impedir investigações. As conclusões serão encaminhadas ao Ministério Público e podem embasar futuras medidas legais e legislativas.
Classificação Indicativa: Livre