Geral
por Gabi Fernandes
Publicado em 23/08/2025, às 14h22
Nicole Kowalski-Kleinsasser tinha 25 anos quando começou a sentir uma dor persistente na parte superior da mandíbula, um incômodo que a impedia de dormir e, inicialmente, parecia um simples caso de sinusite. Mas o que começou como um desconforto comum acabou revelando um câncer raro nas glândulas salivares, diagnóstico que mudaria sua vida para sempre e, anos depois, levaria à sua morte.
Natural do estado de Nevada, nos Estados Unidos, Nicole buscou ajuda médica em 2017, acreditando que se tratava de dor de dente. O dentista, no entanto, constatou que os dentes estavam saudáveis. Outros médicos sugeriram tensão muscular ou infecção sinusal, e prescreveram antibióticos que não surtiram efeito.
A dor foi sendo ignorada até que, após insistência e exames de imagem mais detalhados, veio o diagnóstico: câncer de glândula salivar, um tipo raro da doença que atinge cerca de 720 pessoas por ano no Reino Unido. Nicole passou por uma cirurgia para retirada do tumor, que envolveu a remoção de quatro dentes e parte do céu da boca. A experiência, segundo ela, foi traumática.
“Nunca senti dor como aquela na minha vida. Eu podia sentir cada coisa que ele fazia. Eu amo filmes de terror, e parecia exatamente isso”, contou na época.
Embora exames iniciais sugerissem que o tumor era benigno, análises posteriores confirmaram a gravidade. Ela iniciou um tratamento intenso com 30 sessões de radioterapia, que descreveria como “engolir ácido ou vidro”, devido aos ferimentos internos na boca. Para comer e falar, passou a usar um dispositivo chamado obturador.
Durante o tratamento, Nicole começou a perceber mudanças visíveis em seu rosto. “Perdi meu sorriso. Tive esse sorriso a vida toda e, de repente, acabou. Foi devastador”, disse. A doença voltou pouco tempo depois. Uma nova cirurgia foi necessária, desta vez ainda mais invasiva: ela perdeu sete dentes e teve o céu da boca completamente removido, o que a obrigou a usar próteses diferentes para conseguir se alimentar e se comunicar.
Apesar das perdas, Nicole não deixou de lutar. Após novo tratamento, recebeu alta oncológica, retomou os estudos, concluiu mestrado e doutorado em psicologia e se casou com Eric Kleinsasser. "Nicole tinha uma alegria pelo dia a dia que era contagiante. Foi uma das primeiras coisas pelas quais me apaixonei", disse Eric.
Câncer voltou mais uma vez
Em abril de 2022, dois anos depois do último tratamento, o câncer retornou mais agressivo. Parte do rosto precisou ser removida, e a reconstrução foi feita com enxertos de pele da perna. Nicole enfrentou, mais uma vez, os impactos da mudança na aparência. “Não era apenas estressante, era desumanizador”, relembrou o marido.
Durante todo esse processo, Nicole compartilhou sua jornada no Instagram, onde era conhecida como @nicolescrookedsmile. Ela falava abertamente sobre a dor, os tratamentos e as transformações físicas, tentando ajudar outras pessoas a se sentirem menos sozinhas. “Ela dizia: ‘Isso não parece coragem, só é’. Mas, para mim e para todos, ela era a própria definição de coragem. Mesmo em dor insuportável, pensava em como fazer os outros se sentirem acolhidos”, contou Eric.
Veja o antes e depois:
Nicole faleceu no dia 23 de janeiro de 2025, aos 33 anos
Sua mãe prestou uma homenagem emocionada: “Nicole fez tudo o que podia para se livrar dessa doença horrível. Ela não perdeu. Ela não falhou. Enfrentou cada batalha com graça e determinação e, em tudo, sorriu, sem pedir pena ou culpar alguém. A vida nunca será tão brilhante sem aquele sorriso torto”.
Eric completou: “Nicole deu tudo o que tinha nessa luta. Agora é a nossa vez de carregar sua voz”.
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