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Publicado em 08/07/2025, às 19h23 BNews Natal
Recentemente, o Brasil confirmou os primeiros casos da variante XFG da Covid-19. As infecções ocorreram no Ceará entre os dias 25 e 31 de maio e foram anunciadas pelo governo estadual na última sexta-feira, 4 de julho. Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), a variante já foi detectada em outros 38 países.
De acordo com o Ministério da Saúde, até o momento foram confirmados oito casos da variante XFG no país, sendo dois em São Paulo e seis no Ceará. Não há registro de mortes associadas. A pasta informou que acompanha continuamente os sequenciamentos genômicos da Covid-19 no Brasil.
No mês passado, a OMS divulgou dados sobre a expansão da variante em diferentes regiões do mundo, classificando-a como “variante sob monitoramento”.
No Sudeste Asiático, a proporção de casos atribuídos à XFG aumentou de 17,3% para 68,7%, com destaque para a Índia, onde a variante se tornou dominante durante a primavera. Nas Américas, a taxa subiu de 7,8% para 26,5%. Também foram observados aumentos em países do Pacífico Ocidental, Europa e África.
Apesar do crescimento em algumas áreas, a OMS avalia que o risco global para a saúde pública permanece baixo. Além disso, as vacinas atuais contra a Covid-19 continuam eficazes contra essa nova variante.
Segundo a organização, “embora haja aumento nos casos e hospitalizações em algumas regiões, não há evidências de que a XFG cause doenças mais graves ou mortes”.
No Brasil, a Secretaria de Saúde do Ceará relata um “discreto aumento nos casos de Covid-19 nas últimas semanas”. Um boletim divulgado em 4 de julho indica que a positividade para o vírus subiu de praticamente zero no início de junho para 10% no fim do mês, considerando os testes realizados pelo Lacen-CE ao longo do ano.
A maioria dos sete casos foi detectada na capital Fortaleza, embora o número exato por cidade não tenha sido informado.
O secretário executivo de Vigilância em Saúde do Ceará, Antonio Silva Lima Neto, declarou em vídeo divulgado pelo órgão que “é possível que a nova variante seja responsável por esse aumento discreto nos casos, mas ainda não se sabe se a transmissão poderá crescer de forma abrupta nas próximas semanas”.
O infectologista Julio Croda, pesquisador da Fiocruz e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia, explica que a XFG é resultado da recombinação de duas linhagens, LF.7 e LP.8.1.2, sendo esta última dominante globalmente. Ambas descendem da linhagem Ômicron.
Ele destaca que “a LP.8.1.2 se tornou dominante e agora a XFG, que deriva dela, passou a predominar na Índia e está se espalhando pelo mundo”. Segundo Croda, em junho de 2025, a presença da XFG nas amostras sequenciadas globalmente subiu de 7% para 23%.
O especialista acrescenta que quando uma variante se torna dominante, geralmente é por um dos dois motivos: maior transmissibilidade ou capacidade de escapar da resposta imunológica, e não por causar maior gravidade.
Até o momento, não há indícios de que a XFG provoque quadros mais graves ou maior mortalidade. Os sintomas relatados são semelhantes aos da Covid tradicional, com destaque para dor de garganta, rouquidão e irritação.
Croda reforça que as vacinas atualmente recomendadas continuam eficazes contra a variante XFG. Contudo, ele alerta que a cobertura vacinal entre idosos ainda é baixa no Brasil, o que gera preocupação.
“A OMS e o Ministério da Saúde recomendam que os idosos recebam pelo menos uma dose atualizada da vacina, assim como é feito anualmente para a influenza, mas a adesão está baixa”, afirmou.
Em nota, o Ministério da Saúde ressaltou que a vacinação contra a Covid-19 é segura, protege contra as variantes em circulação e é a principal forma de prevenir casos graves e mortes. Em 2025, já foram distribuídas mais de 14,2 milhões de doses em todo o país, conforme dados da pasta.
O infectologista também lembra que, em 2025, a Covid-19 não é o principal vírus respiratório circulante no Brasil, pois a influenza lidera as hospitalizações por síndrome respiratória aguda grave.
No entanto, a chegada de uma nova variante pode alterar esse cenário, dependendo da imunidade coletiva da população.
Ele conclui que “o comportamento da variante no Brasil pode ser diferente do observado em outros países, pois depende da cobertura vacinal e das infecções anteriores. Por isso, é fundamental garantir a proteção, especialmente nos grupos de risco”.
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