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Publicado em 05/05/2025, às 14h35 Redação
Mais de 80% dos professores da educação básica no Brasil reconhecem os benefícios da Inteligência Artificial (IA) em sala de aula, mas enfrentam entraves como falta de acesso à internet, escassez de equipamentos e ausência de formação adequada. A constatação faz parte de uma pesquisa inédita divulgada durante a Bett Brasil 2025, maior evento de educação e tecnologia da América Latina, nesta quarta-feira (15).
Os dados foram apresentados no painel “O que os professores da educação básica revelam sobre o uso de IA na sala de aula: desafios, percepções e possibilidades”, que contou com a participação da professora Camila Sestito (UTFPR – Cornélio Procópio), do cientista da computação Robson Bonidia e do presidente-fundador do Instituto Significare, Wellington Cruz.
Realizada pelo Instituto Significare em parceria com a UTFPR, a pesquisa ouviu 346 professores de todos os estados brasileiros. Apesar do entusiasmo com o potencial pedagógico da IA, a maioria dos docentes afirma possuir apenas conhecimentos básicos sobre a tecnologia — um dos principais obstáculos à sua aplicação efetiva nas escolas.
“É preciso formar professores capazes de usar a IA no cotidiano e, ao mesmo tempo, prepará-los para apoiar os alunos nesse processo”, afirmou Camila Sestito. A pesquisadora coordena o projeto TEDI (Tecnologia e Educação Digital para a Terceira Idade).
Entre os professores entrevistados, 61,6% já utilizam ferramentas de IA generativa para elaborar planos de aula e materiais didáticos. No entanto, apenas 14,3% integram a tecnologia diretamente na produção desses materiais. Os maiores entraves são a sobrecarga de tarefas, a infraestrutura precária e a carência de suporte técnico.
O uso ético e responsável das ferramentas também é uma preocupação. Robson Bonidia destacou que a adoção de tecnologias deve ser acompanhada de ações que reduzam as desigualdades regionais. “Não adianta introduzir IA em uma região e negligenciar outras menos desenvolvidas”, alertou.
Nesse sentido, 78,3% dos docentes disseram considerar essencial que os estudantes recebam formação crítica sobre a IA. “Mais do que ensinar a usar, é preciso avaliar se os alunos realmente aprenderam a utilizar com consciência e responsabilidade”, enfatizou Wellington Cruz.
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IA ganha força na feira de educação
A Inteligência Artificial também é destaque na área de exposição da Bett Brasil 2025, com diversas empresas apresentando soluções voltadas ao cotidiano escolar.
A FTD Educação, por exemplo, demonstrou uma ferramenta de correção automática de redações manuscritas já utilizada em escolas públicas de sete estados. A solução aplica machine learning e visão computacional para emitir feedbacks individualizados, com previsão de incluir um sistema de detecção de plágio ainda neste ano.
Outra novidade veio da SOMOS Educação com o Plurall IA, ferramenta que elabora Planos de Ensino Individualizados (PEI) com base em dados dos alunos, promovendo maior inclusão e personalização do ensino.
A Agenda Edu lançou um assistente com IA integrada ao seu SuperApp, que automatiza comunicações e atividades escolares. Já a Plataforma Sofia, idealizada pelo professor “Profinho”, mostrou uma IA que corrige redações alinhadas aos critérios do ENEM, com economia de tempo e padronização dos resultados.
A Bernoulli Educação e outras empresas também marcaram presença no evento, com programações voltadas à integração da IA no processo de ensino-aprendizagem e à valorização do papel do professor como mediador e orientador.
“O diferencial continuará sendo a presença ativa do educador”, defendeu Marcos Raggazzi, diretor executivo do Bernoulli.
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