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Publicado em 05/05/2025, às 14h17 Redação
Uma em cada três pessoas entre 15 e 64 anos no Brasil possui dificuldades significativas de leitura, escrita e interpretação de informações básicas do dia a dia, como frases curtas, números de telefone ou preços. Os chamados analfabetos funcionais somam 29% da população, mesmo percentual registrado em 2018, segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), divulgado nesta segunda-feira (5). As informações são da Agência Brasil.
A nova edição do estudo, retomado após seis anos de interrupção, expõe ainda um agravante: o índice de analfabetismo funcional entre jovens de 15 a 29 anos cresceu de 14% para 16%. Pesquisadores associam o aumento aos impactos da pandemia da COVID-19, que suspendeu as aulas presenciais e comprometeu a aprendizagem de milhares de estudantes em todo o país.
O Inaf, coordenado pela Ação Educativa e pela consultoria Conhecimento Social, aplicou testes de leitura, escrita e matemática a 2.554 pessoas de todas as regiões do Brasil, entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025. A margem de erro da pesquisa varia entre dois e três pontos percentuais.
Além de mapear os níveis tradicionais de alfabetização, o levantamento incluiu pela primeira vez dados sobre o contexto digital, refletindo as transformações tecnológicas no cotidiano das pessoas. A edição de 2024 teve como correalizadoras a Fundação Itaú, Fundação Roberto Marinho, Instituto Unibanco, UNICEF e UNESCO.
O analfabetismo funcional, conforme explica Roberto Catelli, coordenador da área de educação de jovens e adultos da Ação Educativa, é “uma limitação muito grave” e afeta diretamente a inclusão social e as condições de vida. Ele reforça que políticas públicas eficazes são fundamentais para reverter esse cenário.
“Um resultado melhor só pode ser alcançado com políticas públicas significativas no campo da educação e também na redução das desigualdades sociais”, defende.
A classificação do Inaf considera níveis de alfabetismo que vão do analfabeto ao proficiente. Os dois primeiros níveis — analfabeto e rudimentar — compõem o grupo dos analfabetos funcionais. No meio, estão os 36% da população que atingem o nível elementar. Apenas 10% chegam ao nível mais elevado, o proficiente. Outros 35% têm alfabetismo consolidado, o que inclui compreensão de textos médios e domínio de operações matemáticas básicas.
A pesquisa também revela que mesmo pessoas com ensino superior não estão imunes ao problema. Entre os que cursaram graduação ou mais, 12% são analfabetos funcionais. No mercado de trabalho, a realidade é semelhante: 27% dos trabalhadores estão nesse grupo, enquanto 40% possuem níveis consolidados de alfabetismo.
As desigualdades raciais também aparecem de forma clara no levantamento. Entre a população branca, 28% são analfabetos funcionais e 41% têm alfabetismo consolidado. Já entre negros, os índices são de 30% e 31%, respectivamente. A situação mais grave é entre pessoas amarelas e indígenas: 47% são analfabetos funcionais e apenas 19% possuem alfabetismo consolidado.
Para Esmeralda Macana, coordenadora do Observatório Fundação Itaú, é urgente ampliar o alcance e a eficácia das políticas públicas educacionais:
“Estamos em um ambiente muito mais acelerado, em meio à inteligência artificial e novas tecnologias. Precisamos garantir que crianças, jovens e adolescentes tenham aprendizado adequado para sua faixa etária”, alerta.
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