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Pré-treino perigoso: Tadalafila vira moda nas academias entre os marombeiros. Entenda os riscos

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A tadalafila tem sido utilizada por atletas em busca de desempenho, mas especialistas alertam para a falta de comprovação científica e riscos à saúde  |   BNews Natal - Divulgação Foto: Reprodução.

Publicado em 29/05/2025, às 08h33   Redação



O consumo de tadalafila, que antes era um tabu, disparou em vendas no país. O medicamento, que originalmente é indicado para o tratamento de disfunção erétil e de problemas relacionados à micção, saltou de 21,4 milhões de unidades vendidas em 2020 para 67,7 milhões em 2024, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Por trás desse aumento está o uso indiscriminado, inclusive entre pessoas que buscam melhorar o desempenho na prática esportiva. Embora o medicamento seja seguro e eficaz quando utilizado sob orientação médica, o consumo sem prescrição traz riscos e preocupa profissionais de saúde, que são enfáticos: ele não tem indicação para uso no pré-treino.

Como funciona a tadalafila?

A tadalafila é um inibidor seletivo da enzima fosfodiesterase tipo 5 (PDE5) e aumenta a ação do óxido nítrico, promovendo o relaxamento da musculatura lisa e a dilatação dos vasos sanguíneos. Isso melhora o fluxo de sangue em diversas regiões do corpo, inclusive nos músculos. 

Tanto a tadalafila (Cialis) quanto a sildenafila (Viagra) regulam o fluxo sanguíneo e a principal diferença entre os dois medicamentos está no tempo de ação: a tadalafila tem um efeito mais prolongado, durando até 36 horas, enquanto a sildenafila geralmente atua por cerca de quatro a seis horas.

Uso em treinos

Embora seja tradicionalmente usada no tratamento da disfunção erétil e da hipertensão pulmonar, a tadalafila tem despertado interesse entre praticantes de atividades físicas, especialmente em ambientes de musculação e esportes de alta intensidade. Fora das prescrições convencionais, o medicamento tem sido utilizado por alguns atletas em busca de ganhos relacionados à performance, mesmo sem respaldo clínico definitivo.

Um dos principais efeitos relatados por usuários é o aumento da vasodilatação, o que favorece o fluxo sanguíneo durante os treinos. Esse processo, popularmente conhecido como "pump", contribui para uma aparência de músculos mais volumosos e vascularizados, além de potencialmente melhorar a entrega de oxigênio e nutrientes às fibras musculares.

Outro benefício atribuído à substância é a possível melhora na resistência cardiovascular. Ao relaxar os vasos sanguíneos, a tadalafila poderia facilitar o desempenho em exercícios prolongados, diminuindo o esforço exigido do coração. Relatos de usuários também indicam redução da fadiga muscular, o que, em teoria, permitiria treinos mais intensos e com menor tempo de recuperação.

Apesar do entusiasmo em alguns círculos do meio esportivo, os especialistas alertam: os efeitos da tadalafila sobre o desempenho físico ainda carecem de comprovação científica robusta, e seu uso indiscriminado pode trazer riscos à saúde.

Quais são os riscos?

Além da ausência de benefícios claros, os riscos são numerosos. Entre os efeitos colaterais mais comuns estão dor de cabeça, tontura, rubor facial, dor nas costas, desconforto gástrico, queda da pressão arterial e alterações visuais.

A queda súbita da pressão arterial pode levar a desmaios e complicações, e o uso em treinos intensos, especialmente quando a tadalafila é combinada com substâncias pré-treino ou álcool, pode provocar desmaios e problemas cardiovasculares.

Outro ponto de atenção é que o uso recreativo e sem orientação médica, especialmente entre jovens saudáveis, pode gerar uma dependência psicológica do medicamento — tanto no contexto sexual quanto nas atividades físicas, mesmo sem necessidade real.

Há ainda o risco de mascarar sinais importantes de doenças como hipogonadismo orgânico, em que há diminuição da testosterona, e problemas cardíacos. Por exemplo: um homem com disfunção erétil por um quadro subjacente pode “driblar” a questão com o medicamento e retardar a busca por diagnóstico e tratamento. O sintoma melhora temporariamente, mas a causa permanece evoluindo silenciosamente.

A situação se torna ainda mais preocupante quando a tadalafila é associada ao uso de hormônios como a testosterona, uma prática comum em ambientes de academia. Essa combinação pode provocar sobrecarga cardíaca, alterações na pressão arterial e um risco elevado de arritmias, segundo especialistas. 

Classificação Indicativa: Livre

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