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Publicado em 20/06/2025, às 19h28 Redação
Mesmo com sinais de melhora nas coberturas vacinais, o Brasil ainda enfrenta problemas sérios que colocam a saúde pública em risco. Diferenças grandes entre estados e municípios, além de esquemas vacinais incompletos, continuam sendo barreiras importantes.
Essas são as principais conclusões do Anuário VacinaBR, produzido pelo Instituto Questão de Ciência (IQC), em parceria com a Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim) e o Unicef.
O levantamento mostra que, em 2023, nenhuma vacina infantil do calendário nacional conseguiu atingir a meta de cobertura em todos os estados. Os piores resultados foram das vacinas contra poliomielite, meningococo C, varicela e Haemophilus influenzae tipo B em nenhum estado foi atingida a meta de 95% do público-alvo, necessária para evitar surtos dessas doenças.
Outro dado alarmante: apenas 1.784 cidades brasileiras (menos de 32% do total de 5.570 municípios) bateram a meta de cobertura de quatro vacinas prioritárias: pentavalente, poliomielite, pneumo-10 e tríplice viral.
O Ceará teve o melhor desempenho, com 59% das cidades alcançando o público-alvo. Já o Acre ficou na lanterna, com apenas 5% dos municípios atingindo a meta.
“Saúde é competência da União, dos estados e dos municípios. Mas o problema da vacinação não pode ser tratado de forma igual em todo o país. O Brasil é gigante e cheio de realidades diferentes. No Anuário, vimos até cidades vizinhas com condições parecidas, mas com taxas de vacinação muito diferentes”, explica Paulo Almeida, diretor executivo do IQC e responsável pelo Anuário VacinaBR.
Até a vacina BCG, dada logo após o nascimento para prevenir formas graves de tuberculose, ficou abaixo da meta em boa parte do país: só oito estados alcançaram a cobertura mínima, e 11 estados ficaram abaixo dos 80%.
No Espírito Santo, por exemplo, menos de 58% dos bebês foram imunizados. Em cada estado, há contrastes: enquanto algumas cidades vacinaram 100% do público, outras não chegaram nem à metade.
A diretora da Sbim, Isabela Ballalai, destaca que o papel dos municípios é essencial, e que cada local precisa seguir o planejamento do Ministério da Saúde adaptado à sua realidade. Ela também chama a atenção para o impacto da desinformação e da falsa sensação de segurança.
“O acesso é outro grande problema. Temos 38 mil salas de vacinação, um número impressionante. Mas não adianta se a pessoa vai ao posto e recebe uma informação errada. Se só funciona em horário comercial e ela trabalha, não consegue ir. Se chega e a vacina acabou, talvez não volte mais.
Quando falta informação e as pessoas acham que a doença não é perigosa, o resultado é a não vacinação”, afirma Isabela.
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