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“Quem tem boca vai a Roma”? 12 ditados populares que você provavelmente fala errado

Descubra os equívocos mais comuns em ditados populares e a verdadeira história que eles carregam. - Reprodução/FreePik
Entenda como as expressões populares mudaram com o tempo e o que realmente significam  |   BNews Natal - Divulgação Descubra os equívocos mais comuns em ditados populares e a verdadeira história que eles carregam. - Reprodução/FreePik

Publicado em 14/06/2025, às 13h33   Aryela Souza



Os ditados populares são a alma da nossa cultura oral. Passados de geração em geração, eles carregam sabedoria, ironia e críticas sociais disfarçadas de humor. Mas, como toda tradição que vive na boca do povo, muitos desses provérbios sofreram alterações com o tempo, resultando em versões distorcidas que, embora engraçadas, perderam seu sentido original.

Você já disse "cor de burro quando foge"? Ou talvez "quem tem boca vai a Roma"? Pois é, você pode ter repetido esses ditados a vida toda... do jeito errado. Vamos desvendar os equívocos mais comuns e a verdadeira história por trás de cada expressão.

12 Ditados Populares: O Certo, o Errado e a História

1. Para alguém muito parecido

  • Como se fala: "Ele é esculpido em carrara!"
  • Como seria o certo: "Ele é cuspido e escarrado!"
  • A história por trás: Embora a referência ao mármore nobre de Carrara, na Itália, pareça mais elegante, a expressão correta é a mais rústica. "Cuspido e escarrado" vem do português arcaico e significa que alguém é tão parecido com outra pessoa que parece ter sido "cuspido" de dentro dela. "Escarrado" é apenas uma forma de ênfase, comum no século 19 para reforçar a semelhança extrema.

2. Para uma cor indefinida

  • Como se fala: "A parede ficou cor de burro quando foge."
  • Como seria o certo: "Corro de burro quando foge."
  • A história por trás: Aqui, a confusão transformou um verbo em um substantivo. A frase original não descreve uma cor, mas uma ação: a de fugir rapidamente de uma situação confusa, sem saber o que está acontecendo – assim como alguém que "correria de um burro quando ele foge" desgovernado.

3. Sobre ter o poder da palavra

  • Como se fala: "Quem tem boca vai a Roma."
  • Como seria o certo: "Quem tem boca vaia Roma."
  • A história por trás: A palavra-chave aqui é "vaia", do verbo vaiar. A expressão original remete ao poder do povo na Roma Antiga, que usava a voz para protestar e vaiar as autoridades ou decisões com as quais não concordava.

4. Na cantiga infantil

  • Como se fala: "Batatinha quando nasce, esparrama pelo chão."
  • Como seria o certo: "Batatinha quando nasce, espalha a rama pelo chão."
  • A história por trás: Um erro de botânica que virou tradição. A batata, ao nascer, não se "esparrama", mas sim espalha suas "ramas" (o conjunto de ramos e folhas da planta) pelo solo.

5. No versinho de domingo

  • Como se fala: "Hoje é domingo, pé de cachimbo."
  • Como seria o certo: "Hoje é domingo, pede cachimbo."
  • A história por trás: Outra cantiga distorcida pela oralidade. O domingo, como dia de descanso, "pede" um cachimbo, um antigo símbolo de lazer e relaxamento.

6. Sobre as dificuldades do trabalho

  • Como se fala: "Isso são ócios do ofício."
  • Como seria o certo: "Isso são ossos do ofício."
  • A história por trás: Este é um caso de "falsa correção". Muita gente, achando "ossos" muito grosseiro, trocou por "ócios" (momentos de lazer). No entanto, a expressão correta e original é mesmo "ossos do ofício", significando que toda profissão tem suas dificuldades, seus "ossos duros de roer".

7. Sobre se virar com o que tem

  • Como se fala: "Quem não tem cão caça com gato."
  • Como seria o certo: "Quem não tem cão, caça como gato."
  • A história por trás: A preposição "com" mudou todo o sentido. O original se refere ao modo de caçar: quem não tem a ajuda de um cão, precisa caçar de maneira sorrateira e solitária, "como" um gato faz.

8. Sobre assumir responsabilidades

  • Como se fala: "Quem pariu Mateus que o balance."
  • Como seria o certo: "Quem pariu, que o mantenha e balance."
  • A história por trás: Aqui, não há um erro de sentido, mas um encurtamento popular. A expressão mais antiga e completa era "quem pariu, que o mantenha e balance", mas, com o tempo, a oralidade a simplificou para a forma com "Mateus", que se popularizou.

9. Para uma criança inquieta

  • Como se fala: "Parece que tem bicho-carpinteiro."
  • Como seria o certo: Indefinido. Uma outra versão diz "parece que tem bicho no corpo inteiro."
  • A história por trás: Este é um caso de empate técnico. "Bicho-carpinteiro" é o nome popular de larvas de besouro que perfuram madeira, uma ótima metáfora para quem não para quieto. A versão "bicho no corpo inteiro" também faz todo o sentido. Ambas são usadas e compreendidas.

10. Sobre exagerar na dose

  • Como se fala: "Ele enfiou o pé na jaca."
  • Como seria o certo: Indefinido. A outra versão é "enfiou o pé no jacá."
  • A história por trás: Outro ditado com duas origens plausíveis. Imaginar alguém enfiando o pé em uma jaca (a fruta) transmite bem a ideia de excesso. Mas "jacá" era um grande cesto de palha que ficava na porta de bares antigos; sair bêbado e enfiar o pé no cesto era comum. Ambas as versões são consideradas corretas.

11. Quando algo se torna popular

  • Como se fala: "Caiu no gosto do povo."
  • Como seria o certo: A forma original era "cair no goto."
  • A história por trás: "Goto" é uma palavra arcaica para glote. A expressão original significava algo que descia pela garganta, que era aceito. Com o desuso da palavra "goto" e o fato de que tocar a glote causa engasgo, a versão "caiu no gosto", muito mais intuitiva e agradável, se tornou a forma padrão.

12. Para uma situação de dois lados

  • Como se fala: "É uma faca de dois legumes."
  • Como seria o certo: "É uma faca de dois gumes."
  • A história por trás: Esta é uma das trocas mais clássicas. A expressão original usa "gume", que é o fio cortante da lâmina. Uma "faca de dois gumes" é uma situação que "corta para os dois lados", ou seja, tem potencial tanto para o bem quanto para o mal. Como a palavra "gume" não é tão comum, o som parecido com "legumes" deu origem à versão incorreta, que hoje é muito usada em tom de brincadeira.

Quando uma expressão é repetida por gerações, mesmo que de forma "errada", ela acaba se tornando um novo registro vivo da língua. Da próxima vez que usar um desses provérbios, lembre-se: você está ajudando a manter viva a memória e a evolução da nossa cultura popular.

Classificação Indicativa: Livre

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