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Glória Perez dispara: “Cultura woke destruiu a dramaturgia e impôs censura pior que a do regime militar”

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Em entrevista, Glória Perez afirma que o politicamente correto sufoca a criatividade e empobrece as narrativas na TV  |   BNews Natal - Divulgação Reprodução/Internet
Giovana Gurgel

por Giovana Gurgel

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Publicado em 13/08/2025, às 16h38



A autora de novelas Glória Perez voltou a provocar polêmica ao criticar duramente a chamada cultura woke. Em entrevista à Folha de S.Paulo, a dramaturga afirmou que o politicamente correto sufocou a criatividade e que a atual forma de censura, exercida principalmente nas redes sociais, é “muito pior” que a imposta durante o regime militar.

A declaração surge poucos meses após seu rompimento com a TV Globo, motivado pelo veto a um projeto que trataria do aborto. Para Glória, a interferência ideológica e o excesso de filtros criativos vêm empobrecendo as narrativas e afastando o gênero da ousadia que marcou produções históricas.

Segundo ela, o “cerceamento à imaginação” e o medo de desagradar determinados grupos têm transformado conflitos humanos em meras pautas, engessando a dramaturgia em fórmulas previsíveis e retirando sua capacidade de provocar o público.

“Multiplicidade de Solanges”

Glória comparou o cenário atual ao período em que Solange Hernandes comandava a Divisão de Censura de Diversões Públicas (DCDP), entre 1981 e 1985. “Na época, você tinha uma censura comandada pela dona Solange, que mandava cortar as coisas. Agora temos uma multiplicidade enorme de ‘Solanges’”, afirmou, apontando que hoje os ataques vêm de todos os lados.

Ela destacou que novelas icônicas como O Clone e Caminho das Índias provavelmente não seriam produzidas no contexto atual. “Inovar pressupõe correr riscos, e não imagino que essa ousadia fosse aprovada hoje”, disse.

Como exemplo, lembrou Salve Jorge, trama que abordou o tráfico de pessoas e trouxe a primeira protagonista favelada e prostituída da TV, vivida por Nanda Costa. “Foi um tema sensível e arriscado. Não passaria pelo crivo atual”, avaliou.

Liberdade criativa em debate

Na entrevista, a autora reforçou que a censura oficial da ditadura, embora rígida, era mais previsível e centralizada. Hoje, as pressões e críticas são pulverizadas e amplificadas pelas redes, tornando impossível escapar de ataques.

Ela defende que a arte precisa de liberdade para provocar e refletir a realidade, mesmo que isso signifique incomodar setores da sociedade. “A cultura woke foi arrasadora para a dramaturgia”, resumiu.

A fala reacende a discussão sobre o limite entre liberdade artística e censura, em um momento em que as produções televisivas enfrentam queda de audiência e críticas sobre falta de originalidade.

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