Cidades

Vestibular é cancelado após polêmica em prova que relacionava Bolsonaro ao neonazismo

A redação pedia aos candidatos que refletissem sobre a defesa da democracia em meio ao crescimento de discursos extremistas. - Divulgação
A UFS cancelou a prova de redação do Vestibular 2025 após críticas sobre textos que associavam Bolsonaro a grupos neonazistas  |   BNews Natal - Divulgação A redação pedia aos candidatos que refletissem sobre a defesa da democracia em meio ao crescimento de discursos extremistas. - Divulgação
Dani Oliveira

por Dani Oliveira

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Publicado em 19/08/2025, às 11h45



A Universidade Federal de Sergipe (UFS) cancelou a prova de redação do Vestibular 2025 para a modalidade EAD após repercussão sobre os textos motivadores.

O exame, aplicado em 10 de agosto, incluía fragmentos que associavam o “bolsonarismo” e a eleição de Jair Bolsonaro ao crescimento de grupos neonazistas no país.

Textos motivadores geram controvérsia

O primeiro texto motivador afirmava que “nos últimos anos, o Brasil tem registrado um crescimento expressivo de grupos neonazistas”, citando “mais de 500 células ativas”. A reportagem original foi publicada pelo site Fórum, que se identifica como veículo progressista de esquerda.

O segundo fragmento, originário da revista Veja, relacionava a eleição de Bolsonaro ao aumento desses grupos: “a partir de 2019, as células neonazistas se multiplicaram no país, na esteira do discurso do presidente Jair Bolsonaro e do avanço da direita política”.

O texto ainda mencionava que os grupos “se sentiram autorizados a atuar” e adotavam um “nacionalismo exacerbado”.

Proposta de redação e denúncia

A redação solicitava aos candidatos que respondessem à questão:

“Diante desse cenário, como assegurar a defesa da democracia e dos direitos humanos?”

O conteúdo afirmava que “discursos da extrema direita e ultranacionalistas são disseminados e potencializados por meio de novos formatos de comunicação, como plataformas digitais”.

O vereador Lúcio Flávio (PL), de Aracaju, denunciou publicamente a prova, classificando o conteúdo como “crime” e “proselitismo político-ideológico”. Ele afirmou que a prova “chamava de neonazistas as pessoas que são de direita, apoiadores do Bolsonaro e o próprio Bolsonaro”


O que é o movimento neonazista

Ganhou força no Brasil na década de 80, inspirado pelo movimento original iniciado em países da Europa, que envolvia grupos específicos em torno do ideário nazista. Ainda hoje o movimento tem representação no país. Existe mais de uma dezena de grupos neonazistas no Brasil, somando um total estimado entre dois e três mil ativistas organizados e um grande número de simpatizantes.

Neonazismo é crime contra os Direitos Humanos. Consiste na intolerância com base na ideologia nazista de superioridade e pureza de determinada raça com recursos de agressão, humilhação e discriminação. No caso específico do neonazismo, está incluído quem fabrica, comercializa, distribui ou veicula símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda com símbolos (como a cruz suástica) e defesa do pensamento nazista.

De forma análoga ao movimento internacional, os grupos brasileiros professam ideias ultranacionalistas, racistas, xenófobas e discriminatórias com apologia, em maior ou menor grau, ao uso da violência.

Geograficamente, são identificados em maior número em São Paulo - com grande concentração na capital paulista e na região do ABC -, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Distrito Federal e Espírito Santo. Os grupos fazem uso da internet para divulgar os ideais do sistema.

Classificação Indicativa: Livre

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