Cidades

Qual a importância de ter o nome do pai na certidão? Saiba quantos brasileiros lutam na justiça por esse direito

Com uma média de 266 ações de investigação de paternidade por dia, o Brasil revela uma realidade dolorosa em busca de identidade. - Divulgação
A filiação vai além do registro: é um direito que assegura herança, sobrenome e acesso à história familiar  |   BNews Natal - Divulgação Com uma média de 266 ações de investigação de paternidade por dia, o Brasil revela uma realidade dolorosa em busca de identidade. - Divulgação
Dani Oliveira

por Dani Oliveira

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Publicado em 10/08/2025, às 11h52



Para muitos, ter o nome do pai na certidão de nascimento é apenas um detalhe burocrático. Para outros, significa identidade, origem e pertencimento. Mas, para 48.241 brasileiros, essa linha no documento tornou-se alvo de disputa nos tribunais apenas no primeiro semestre de 2025.

Investigações de paternidade

Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mostram que, em média, 266 ações de investigação de paternidade foram abertas por dia entre janeiro e junho deste ano — o equivalente a 11 novos processos por hora.

Os números reforçam uma realidade dolorosa: em pleno Dia dos Pais, celebrado neste domingo (10), milhares de filhos e filhas ainda lutam para que sua filiação seja reconhecida oficialmente.

A investigação de paternidade é o recurso jurídico adotado quando o registro do pai não consta na certidão de nascimento. Na maioria das vezes, o processo é iniciado pelas mães ou pelos próprios filhos, já adultos. O objetivo vai muito além de garantir pensão alimentícia ou direito à herança: trata-se de afirmar laços afetivos e o direito à história familiar.

Como é a realidade no Brasil

Desde 2020, já foram mais de 482 mil ações desse tipo em todo o país, segundo o CNJ. A advogada Tatyanna Costa Zanlorenci, especialista em Direito de Família, lembra que a filiação não é apenas um registro formal:

Ela assegura direitos civis, previdenciários, uso do sobrenome, herança e, sobretudo, o acesso à própria identidade. Negar a paternidade é negar um direito fundamental”, afirma.

A advogada também destaca que, em muitos casos, o reconhecimento só ocorre após exame de DNA e determinação judicial. Ainda assim, há processos que se arrastam por anos, deixando marcas emocionais profundas nos envolvidos.

O cenário evidencia um desafio cultural e jurídico: embora a tecnologia permita identificar a paternidade com precisão de quase 100%, o ato de reconhecer um filho — voluntariamente — ainda encontra resistência. Para especialistas, isso revela que, no Brasil, ser pai vai muito além da genética: envolve responsabilidade, presença e compromisso, valores que nem sempre vêm no mesmo pacote que o DNA.

Classificação Indicativa: Livre

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