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Publicado em 20/06/2025, às 08h59 Redação
As fortes chuvas que caem em Natal desde a noite de terça-feira (18) trouxeram transtornos para a cidade, e exporam os antigos problemas do sistema de drenagem urbana da capital potiguar.
Em apenas 24 horas, foram registrados mais de 130 mm de chuva na maioria das regiões da cidade, com picos que superaram os 150 mm em Ponta Negra, segundo dados da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb).
O volume provocou o transbordamento de lagoas de captação em vários pontos da cidade, principalmente em bairros da Zona Norte.
O caso mais crítico foi registrado nas imediações da lagoa do loteamento José Sarney, onde o transbordamento invadiu ruas e atingiu residências. A prefeitura reconheceu que a limpeza da lagoa, mesmo que necessária, não é suficiente para evitar novos alagamentos.
“A lagoa passou por processo de limpeza, mas isso não é suficiente. Precisamos fazer uma obra de interligação das lagoas. O processo está em andamento, com empresa já contratada. Estamos na fase de mobilização para início da obra”, explicou a secretária de Infraestrutura de Natal, Shirley Cavalcanti, em coletiva de imprensa.
Ela destacou ainda que muitas lagoas funcionam com a cota máxima mesmo fora do período chuvoso devido ao volume de esgoto clandestino lançado nas estruturas. “Elas deveriam estar sempre vazias e encher no período chuvoso”, afirmou.
De acordo com a titular da pasta, há um esforço permanente de desobstrução da rede. “Temos um processo contínuo de limpeza e desobstrução das redes de drenagem. Já retiramos 12 mil toneladas de lixo”, pontuou.
A secretária municipal de Assistência Social e primeira-dama do município, Nina Souza, foi mais enfática e traçou um prazo para a solução do problema.
“Na Zona Norte, só temos 3% de saneamento. Houve descaso em relação a isso. Em dois anos, queremos zerar o problema das lagoas. A gente pede paciência, mas estamos no início da gestão. Até o fim de 2026, a gente vai ter os problemas equacionados, porque essa é a ordem do prefeito Paulinho Freire”, afirmou Nina.
A declaração gerou reação da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern). O presidente da empresa, Roberto Linhares, afirmou que o problema principal é o excesso de chuva, não o esgoto. E disse que, se houver esgoto na rede de drenagem, esta ligação é clandestina e é o Município que precisa combatê-la.
“As lagoas de captação carream água de chuva. Natal precisa de obras de macrodrenagem e microdrenagem. A cidade não suporta uma chuva de 110 mm, como a que ocorreu. Pode haver contribuição de esgoto clandestino? Pode. Mas ela é mínima comparada com o volume de água da chuva. E a responsabilidade pelo tamponamento dessas ligações é do Município, que tem poder de polícia”, rebateu.
As discussões ocorrem enquanto moradores enfrentam perdas e prejuízos. Na região do José Sarney, casas foram invadidas pela água, móveis foram perdidos e muitas famílias precisaram buscar abrigo com parentes.
Natal possui 82 lagoas de captação, sendo 11 classificadas como críticas com base em relatórios da Defesa Civil e da Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb).
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