Cidades

“Eu nunca gostei dele”: mãe de Juliana desabafa após agressão brutal que chocou o país

Débora Garcia revela que nunca gostou do ex-namorado de Juliana e compartilha sua dor após a brutal agressão. - Divulgação
O crime chocou o Brasil e levantou questões sobre a violência contra a mulher e a importância da denúncia  |   BNews Natal - Divulgação Débora Garcia revela que nunca gostou do ex-namorado de Juliana e compartilha sua dor após a brutal agressão. - Divulgação
Dani Oliveira

por Dani Oliveira

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Publicado em 12/08/2025, às 08h16



O ditado popular que diz "intuição de mãe nunca erra" pode fazer ainda mais sentido no caso de violência do "Bombado do elevador".

A mãe de Juliana Soares, a jovem de 35 anos que foi brutalmente espancada pelo ex-namorado Igor Cabral dentro de um elevador em Natal, quebrou o silêncio e revelou que nunca teve uma boa impressão do acusado. E pela primeira vez, Débora Garcia concedeu entrevista.

Com exclusividade para a jornalista Anna Ruth Dantas, da Band RN, Débora, a mãe de Juliana, contou que só encontrou o agressor uma única vez, em 2024, e que, mesmo nesse breve contato, algo a incomodou profundamente.

Eu vi ele uma vez, ano passado, nas férias. Eu vi uma vez só. Ela me apresentou, eu falei ‘oi, tudo bem?’. Foi a única palavra que eu falei com ele. Eu não tinha convivência nenhuma com ele. Eu nunca gostei dele, nem por foto, nem nesse ‘oi, tudo bem’. Mas era uma coisa minha, não sei se intuição de mãe”, relatou.

O dia em que tudo mudou

O crime ocorreu no dia 26 de julho e foi registrado pelas câmeras de segurança do prédio onde Juliana mora. As imagens mostram Igor Cabral desferindo 61 socos na vítima em apenas 38 segundos, dentro do elevador. O ataque, que paralisou o país pelo grau de violência, teve uma repercussão imediata nas redes sociais e na imprensa nacional.

O acusado está preso preventivamente e já responde como réu na Justiça. Para Débora, a filha sempre evitou compartilhar problemas para poupá-la: “Ela me poupa o máximo que pode. Eu não sabia”, desabafou.

A notícia que veio como um choque

Débora estava em Curitiba (PR) quando recebeu a ligação que mudaria sua vida. Segundo ela, a informação chegou por meio de uma amiga, madrinha de Juliana, que foi avisada pela síndica do prédio.

Ela me disse que não tinha uma notícia boa para me dar. Eu não lembro exatamente as palavras porque entrei em pânico. Entreguei o celular para o meu marido, que conduziu a ligação”, contou. Mesmo em meio ao terror, Juliana tentou proteger a mãe: “No meio de todo esse terror, ela ainda quis me proteger. Falou que só ia me contar quando tivesse melhor”, disse.

Corrida contra o tempo para chegar até a filha

Sem condições financeiras para viajar imediatamente, Débora contou com a ajuda de uma amiga para conseguir ir a Natal. Quando chegou, já havia assistido ao vídeo da agressão. “Ver aquilo ali foi o pior pesadelo que uma pessoa pode ter na vida”, relatou.

Juliana passou por uma cirurgia complexa devido à gravidade das fraturas. Agora, segue em recuperação, já em dieta pastosa, recebendo fisioterapia e outros tratamentos complementares. Ao lado da mãe e cercada por uma rede de apoio de amigas, encontra forças para seguir.

Rede de apoio e fé para recomeçar

Débora faz questão de reconhecer o papel fundamental das amigas da filha no processo de recuperação: “As meninas cercam ela de carinho, até de brincadeiras, para ela rir. Eu sou muito agradecida a essas meninas”, disse.

Dormindo ao lado de Juliana, a mãe confessa que ainda revive a cena do vídeo, mas se apega à gratidão por tê-la viva: “Eu fico olhando para ela e pensando lá naquela imagem, naqueles vídeos, e agradecendo porque Deus salvou ela”.

Luta para manter o caso vivo e inspirar outras mulheres

Uma das maiores preocupações de Juliana é que o crime não caia no esquecimento. “Ela fala sobre o não deixar apagar. Porque uma tragédia acontece direto e daqui a pouco some. O que ela quer lutar no momento é que isso não suma. Ela quer dar voz para outras mulheres, para que não passem por isso”, contou a mãe.

Débora acredita que as imagens do elevador foram decisivas para a repercussão: “Se não fosse a câmera, seria mais um caso. Tomou a proporção graças à inteligência dela no momento de ficar dentro do elevador. Você imagina se ela tivesse ido para dentro do apartamento?”.

Efeito multiplicador: denúncias aumentam após o caso

O exemplo de Juliana já começa a impactar outras vítimas de violência doméstica. “Essa semana teve uma mulher que sofria violência há 15 anos. Depois do caso de Juliana, ela finalmente denunciou e ele foi preso. A gente quer lutar por isso”, disse Débora. O apelo para que a Justiça seja rigorosa é enfático: “Eu imploro que a justiça seja feita. Nem minha filha, nem nenhuma mulher, nenhum ser humano merece passar por isso. A condenação seja feita de acordo com o que a lei manda”.

Fé no futuro e desejo de recomeço

Apesar da dor e do trauma, Débora acredita que a filha encontrará um caminho para a felicidade. “Eu acredito que minha filha vai ser feliz. Ela já ganhou bolsa para estudar e quer ajudar outras mulheres. Esse é o foco dela agora”, concluiu. A mãe sabe que a volta para Curitiba será difícil, mas está determinada a garantir que Juliana siga protegida e fortalecida para inspirar outras sobreviventes de violência.

Violência contra a mulher no Brasil: números que chocam

De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgados em 2025, o Brasil registrou 1 feminicídio a cada 6 horas no último ano. Foram mais de 700 mil casos de violência doméstica denunciados oficialmente, mas especialistas apontam que o número real pode ser muito maior devido à subnotificação.

Entre as vítimas, uma parcela significativa nunca havia registrado boletim de ocorrência antes do crime mais grave. A cada dia, mais de 200 mulheres são hospitalizadas por agressões físicas em todo o país — e a maioria dos agressores são parceiros ou ex-parceiros.

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