Política
Publicado em 17/07/2025, às 13h37 Foto: Ricardo Stuckert/PR BNews Natal
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai dar uma guinada em sua agenda no segundo semestre de 2025. Após o embate com Donald Trump, que impôs uma sobretaxa de 50% ao Brasil, o petista adotará um discurso reforçado de “soberania nacional” e passará a priorizar compromissos internos. A ordem no Palácio do Planalto é clara: menos viagens ao exterior e mais presença em solo brasileiro.
Nesta nova fase, Lula pretende circular intensamente pelo país. Entre hoje e sexta-feira, ele visitará Goiás, Bahia e Ceará, com foco em anúncios de obras e programas sociais. Em Goiânia, participa do Congresso da UNE, onde deve defender justiça tributária e investimentos em educação. Em Juazeiro (BA), fará entregas do Novo PAC e do programa Agora Tem Especialistas. No Ceará, visitará as obras da Ferrovia Transnordestina, que já estão 70% concluídas.
Disputa com Trump impulsiona virada estratégica
A mudança na postura do presidente já vinha sendo discutida por aliados desde o primeiro semestre, diante das crises com Pix, INSS e IOF. No entanto, a tensão comercial com os EUA acelerou a estratégia, que também mira no fortalecimento da imagem de Lula como líder nacionalista e “presidente presente”.
A meta é fazer contraponto direto ao ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado de Trump, e rotular a oposição como “traidora da economia nacional”.
O Planalto vê nas viagens internas uma forma de reanimar a base política e reforçar a popularidade do presidente. Cada deslocamento movimenta deputados, prefeitos e vereadores, além de mostrar entregas do governo à população. A equipe de Lula acredita que ele é o maior trunfo do governo no contato direto com o povo e pretende explorar esse ativo até 2026.
Viagens ao exterior serão mais seletivas
Apesar da nova diretriz, Lula ainda cumprirá alguns compromissos internacionais considerados estratégicos. Na próxima segunda-feira, 21, irá ao Chile para o evento “Democracia Sempre”, ao lado de Gabriel Boric, Pedro Sánchez, Gustavo Petro e Yamandú Orsi. Em setembro, discursará na abertura da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York.
Outras agendas fora do país só acontecerão se forem consideradas indispensáveis, como a cúpula da ASEAN, na Malásia, e o encontro do G20, na África do Sul. No terceiro mandato, Lula já visitou 34 países. Parte da base questiona a necessidade de algumas dessas viagens, mas o governo defende que todas trouxeram ganhos diplomáticos e econômicos.
A nova fase marca uma tentativa de reposicionamento político diante da pressão interna e dos desafios no cenário global. Lula agora quer mostrar que está com os pés no chão.