Política

Isenção de Imposto de Renda será votada na Câmara; veja o que muda para quem ganha até R$5 mil

Com a nova medida, a isenção do Imposto de Renda pode beneficiar 10 milhões de contribuintes até 2026, segundo estimativas  |  Apesar das críticas, a nova regra pode ser sancionada até o final do ano, entrando em vigor no início de 2026. - Divulgação

Publicado em 01/10/2025, às 07h24   Apesar das críticas, a nova regra pode ser sancionada até o final do ano, entrando em vigor no início de 2026. - Divulgação   Dani Oliveira

A Câmara dos Deputados se prepara para analisar nesta quarta-feira (1º/10) um dos principais projetos econômicos do governo Lula: a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil mensais.

A proposta, que altera diretamente a vida de milhões de brasileiros, também prevê a criação de uma tributação mínima para os mais ricos.

Atualmente, o benefício da isenção atinge quem ganha até R$ 3.060 por mês. Caso seja aprovada, a medida pode impactar 10 milhões de contribuintes já em 2026.

O texto é relatado pelo presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), e, se aprovado, segue para votação no Senado.

O texto é relatado pelo presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), e, se aprovado, segue para votação no Senado. Imagem: Agência Senado. Pablo Valadares/Câmara dos Deputados.

O que muda para os contribuintes
A proposta (PL 1.087/2025) eleva o limite de isenção dos atuais dois salários mínimos (R$ 3.036, com o desconto simplificado) para R$ 5 mil.

O governo Lula argumenta que a tabela do IR está defasada há anos em relação à inflação, o que empurra contribuintes da classe média para faixas mais altas de tributação.

Exemplos apresentados pelo Ministério da Fazenda mostram o impacto prático:

Um motorista com salário de R$ 3.650,66 deixaria de pagar R$ 1.058,71 de IR ao ano.
Uma professora com renda de R$ 4.867,77 economizaria R$ 3.970,18 por ano.

A proposta também reduz a alíquota para quem ganha até R$ 7.350, medida incluída pela comissão especial da Câmara antes da votação no plenário.

A proposta (PL 1.087/2025) eleva o limite de isenção dos atuais dois salários mínimos (R$ 3.036, com o desconto simplificado) para R$ 5 mil.

Quem paga a conta: os mais ricos
Para equilibrar a arrecadação, o projeto cria um imposto mínimo de até 10% para contribuintes que recebem a partir de R$ 50 mil por mês (R$ 600 mil ao ano).

A cobrança será progressiva, atingindo a alíquota máxima apenas para rendimentos acima de R$ 1,2 milhão anuais.

Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a medida “não trará impacto fiscal, porque os mais ricos passarão a pagar um pouco mais, sem excessos e dentro dos padrões internacionais”.

Dados oficiais apontam que cerca de 141,4 mil pessoas (0,06% da população) seriam afetadas. Hoje, esses contribuintes de altíssima renda pagam, em média, apenas 2,54% de IR efetivo, muito menos do que a classe média.

Disputa política no Congresso
Apesar de o foco estar na Câmara, outro projeto semelhante tramita no Senado. O PL 1.952/2019, relatado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), foi desengavetado e aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos na última semana.

Senador Renan Calheiros. Waldemir Barreto/Agência Senado Fonte: Agência Senado.

Embora os dois textos sejam parecidos, a tramitação paralela revela um embate político entre Lira e Calheiros, rivais históricos. Analistas apontam que esse duelo pode atrasar a aprovação final.

Críticas e desafios
Defensores do projeto destacam que a mudança corrige uma distorção histórica e devolve poder de compra à classe média e aos trabalhadores de baixa renda.

Já opositores classificam a proposta como “eleitoreira” e alertam para o risco fiscal.

O governo projeta uma perda de arrecadação de R$ 25,8 bilhões em 2026 com a ampliação da isenção. Essa queda, no entanto, seria quase totalmente compensada pelos R$ 25,2 bilhões estimados com a tributação mínima das altas rendas.

Se o cronograma for cumprido, as novas regras devem ser sancionadas até 31 de dezembro, entrando em vigor já no início de 2026.

Classificação Indicativa: Livre


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