Política

Derrota expõe fragilidade do governo e leva Lula a encontro emergencial com Hugo Motta

Presidente Lula se encontra com Hugo Motta e Rogério Carvalho para discutir estratégias após revés na CPMI do INSS  |  VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES

Publicado em 20/08/2025, às 16h57   VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES   Giovana Gurgel

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reuniu-se nesta quarta-feira (20/8) com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e com o líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), no Palácio da Alvorada.

O encontro aconteceu poucas horas após o governo sofrer a primeira grande derrota na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

A reunião durou pouco mais de 20 minutos, começando por volta das 13h15 e encerrando-se às 13h40. Apesar da breve duração, o gesto foi interpretado como uma tentativa do Planalto de recompor forças políticas após o revés no Congresso.

Na composição da comissão, parlamentares da oposição ao governo acabaram assumindo os principais cargos de comando, contrariando as articulações feitas pelo Planalto.

Disputa de cargos expôs desgaste político

O senador Carlos Viana (Podemos-MG) foi escolhido para a presidência da CPMI, em vez de Omar Aziz (MDB-AM), indicado por Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Já a relatoria ficou com o deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), preterindo Ricardo Ayres (Republicanos-TO), nome sugerido por Hugo Motta.

A definição desses postos representou uma clara derrota para o governo federal, que tentou influenciar a escolha mas não conseguiu emplacar os aliados. A CPMI é composta por 16 senadores e 16 deputados titulares, além de suplentes em número igual.

O cenário aumenta a pressão política sobre o Planalto, que terá de lidar com uma investigação sensível em meio ao desgaste da base governista no Congresso.

Denúncias milionárias deram origem à investigação

As fraudes que levaram à criação da CPMI foram reveladas pelo portal Metrópoles em março de 2024. A reportagem mostrou que 29 entidades autorizadas a cobrar mensalidades associativas de aposentados tiveram aumento de 300% em seu faturamento, mesmo respondendo a mais de 60 mil processos judiciais.

Dados do Tribunal de Contas da União (TCU) apontaram que a arrecadação com descontos em folha saltou de R$ 544 milhões, em 2021, para R$ 2,1 bilhões, em 2024. Após as revelações, o INSS abriu apurações internas e a Controladoria-Geral da União (CGU), junto com a Polícia Federal, deflagrou a Operação Sem Desconto.

A lei que permite esses descontos foi criada ainda na década de 1990, com a justificativa de facilitar a relação entre aposentados e entidades associativas. No entanto, as suspeitas de abusos transformaram o tema em foco central de embates políticos e jurídicos.

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