Política
Publicado em 24/08/2025, às 08h47 Ministros acreditam que os EUA pretendem desestabilizar o STF e o governo Lula, e que o julgamento de Bolsonaro intensificaria essa tensão. - Reprodução Sammara Beatriz
Fontes do governo Lula e do STF veem como real a possibilidade de novas sanções econômicas e restrições de viagem por parte de Donald Trump. O motivo seria o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que começa em setembro.
Na visão de ministros, os Estados Unidos teriam o objetivo de criar instabilidade para o STF e para o governo Lula, o que seria intensificado pelo processo sobre a tentativa de golpe liderada por Bolsonaro.
Apesar de todos os envolvidos afirmarem que o STF não cederá às pressões, o julgamento e uma possível condenação de Bolsonaro são vistos como um fator de tensão adicional em um cenário já conflituoso.
A pressão do governo Trump, que já aplicou sobretaxa e sanções a ministros do STF, é justificada com o argumento de que Bolsonaro é vítima de perseguição pelo Judiciário, em favor do governo Lula.
Ministros acreditam que os EUA podem usar outras ferramentas, como sanções contra outros integrantes do tribunal, para intimidar o STF durante o julgamento. No entanto, eles afirmam que essa tática não vai afetar o andamento do processo.
Além do julgamento de Bolsonaro, integrantes do governo temem o impacto econômico da recente decisão do ministro Flávio Dino. Segundo ele, ordens judiciais ou executivas de outros países só terão validade no Brasil se forem validadas pelo STF.
Essa manifestação de Dino, em uma decisão sobre a tragédia de Mariana (MG), foi vista como uma forma de o Supremo poder punir bancos que aplicarem sanções financeiras a Alexandre de Moraes por ordem do governo Trump.
A decisão causou impactos no mercado: na terça-feira(19), dia seguinte ao veredito de Dino, teve alta do dólar e queda das ações do setor bancário na bolsa. Auxiliares próximos de Lula observam com preocupação a crescente tensão entre o STF e o governo americano.
Nas palavras de um ministro, a decisão de Dino representa um grande risco, e o próprio presidente estaria ciente disso. No entanto, o governo não pode interferir em uma decisão do STF.
Integrantes da gestão Lula citam o alinhamento entre Dino, Moraes e Gilmar Mendes em seus discursos sobre a defesa da soberania nacional como prova da impossibilidade de interferência. Eles lembram, ainda, que o próprio Moraes reiterou a ameaça em entrevista na última terça-feira.