Política
Publicado em 20/08/2025, às 14h38 Evaristo Sa/AFP Giovana Gurgel
Quatro meses após o escândalo dos descontos ilegais em aposentadorias ter estourado, o Congresso instalou nesta quarta-feira (20) a CPMI do INSS.
O colegiado, reivindicado pela oposição, deve investigar não apenas as fraudes nos benefícios, mas também empréstimos consignados e possíveis vínculos de sindicatos, incluindo o Sindinapi, que tem como vice-presidente José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente Lula.
Aliados do governo admitem que o tema perdeu força após o pagamento de reembolsos às vítimas, o que reduziu a pressão popular. Ainda assim, avaliam que a CPI pode ser usada pela oposição para recuperar espaço político e tentar vincular o escândalo ao Palácio do Planalto.
Reservadamente, parlamentares oposicionistas admitem que vão mirar em Frei Chico como forma de desgastar o governo. O discurso deve reforçar que Lula, ex-líder sindical, teria ligação indireta com entidades beneficiadas, enquanto Bolsonaro sempre atacou sindicatos.
A narrativa já foi usada em maio pelo senador Cleitinho (Republicanos-MG), quando o ministro da Previdência, Wolney Queiroz, foi cobrado no Senado.
O escândalo derrubou o ex-ministro Carlos Lupi e o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, tornando-se um dos episódios mais graves para Lula neste mandato.
O comando da CPI será do senador Omar Aziz (PSD-AM), aliado do governo, mas considerado pragmático por disputar o governo do Amazonas em 2026. A vice será da senadora Damares Alves (Republicanos-DF), e o relator será o deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO).
Nos bastidores, a orientação do Planalto é insistir que os descontos irregulares começaram ainda no governo Bolsonaro e só foram enfrentados na atual gestão. Aziz, por sua vez, sinalizou que pretende iniciar os trabalhos ouvindo técnicos da CGU e da Polícia Federal, além de buscar informações junto ao STF, para evitar uma crise política logo nas primeiras sessões.