Política
Publicado em 21/05/2025, às 06h55 Conversa entre Wajngarten e Mauro Cid expõe críticas à ex-primeira-dama e gera repercussão negativa para o ex-assessor. - Divulgação Dani Oliveira
O ex-ministro Fabio Wajngarten foi demitido da função de assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A decisão do Partido Liberal vem dias após uma troca de mensagens entre ele e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, serem reveladas pelo portal UOL.
Na conversa, de janeiro de 2021, Wajngarten encaminha uma reportagem sobre a possibilidade de o PL lançar a ex-primeira-dama como candidata. Cid, então, responde: “Prefiro o Lula”. Wajngarten reforça: “Idem”.
A troca de mensagens continua e, no dia 31 de janeiro, Wajngarten escreve que o PL iria pagar R$ 39 mil por mês para a ex-primeira-dama “porque ela carrega o bolsonarismo sem a rejeição do Bolsonaro”.
Cid então declara que Michelle sairia “destruída” se entrasse para a política.
Cara, se dona Michelle tentar entrar pra política, num cargo alto, ela vai ser destruída, porque eu acho que ela tem muita coisa suja… não suja, mas ela né, a personalidade dela, eles vão usar tudo contra pra acabar com ela. E Valdemar [presidente do PL] fala demais também, aquele negócio dos documentos, dos papéis, tá todo enrolado agora”, disse o tenente-coronel.
Em fevereiro, Wajngarten manda uma outra reportagem sobre o nome de Michelle ser ventilado ao Senado, revelando ainda que havia questionado Bolsonaro se ele tinha dado anuência sobre a candidatura. O assessor avaliou que colocar o nome da ex-primeira-dama para disputas eleitorais não traria benefício, “só matérias negativas”.
Cid concordou, dizendo ainda que Michelle Bolsonaro “tem muito furo” e “muita coisa pra queimar, inclusive do passado”.
Na última sexta-feira (16), Bolsonaro criticou as mensagens em que seu ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, disse a Fábio Wajngarten que “preferia” a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro em 2026.
O líder da direita se manifestou sobre as declarações.
– Diferentemente da atual primeira-dama [Janja Lula da Silva], Michelle botava ordem na casa. Ela é quem botava ordem na casa, e o pessoal não gostava. Mas não justifica essa troca de mensagens, ainda mais em janeiro de 2023, quando eu estava elegível. Um falou besteira, o outro concordou – declarou Bolsonaro.
Nas conversas sobre as investigações que tinham o ex-presidente como alvo e sobre o cenário político no Brasil, Cid fazia diversas críticas à ex-primeira-dama e enviava mensagens irônicas sobre ela. Em 27 de janeiro de 2023, Wajngarten enviou a Cid uma notícia de que o PL analisava lançar Michelle como candidata à presidência caso Bolsonaro fosse impedido de concorrer nas eleições de 2026.
– Prefiro o Lula – disse Cid.
Ao que Fábio Wajngarten respondeu:
– Idem.
Em seguida, o ex-secretário de Comunicação reencaminhou, sem identificar a origem, uma mensagem criticando o Partido Liberal pelo salário que a legenda destinava a Michelle.
– Em que mundo o Valdemar [Costa Neto, presidente do PL] está vivendo? – questionou o ex-ministro.
Diante da exposição dessas informações, a permanência de Wajngarten no grupo de Jair Bolsonaro ficou insustentável.
Uma fonte próxima ao ex-presidente apontou que não existe mais confiança na pessoa de Fábio Wajngarten e, por esta razão, ele não integra mais os quadros.